A felicidade que todo mundo quer

Fotos poéticas, bem trabalhadas nos filtros; declarações amorosas, cheias de sentimento, expostas no feed para todo mundo ver; compartilhamento de lindas mensagens de cunho espiritual, equilíbrio emocional e autoestima. As redes foram invadidas pela felicidade. Paradoxalmente, vivemos em tempos de recordes no número de suicídios fruto da epidemia das doenças psicológicas.

Não que positividade seja ruim. Aliás muito pelo contrário! Importante encher a vida de amor e beleza, força e entusiasmo, otimismo e afeto. Imprescindível construir agora o mundo que sonhamos, tendo a clareza de que ele é constituído de pessoas e que a primeira pessoa a agir na direção do que sonhamos é cada um de nós.

Mas como não cair na armadilha de criar um mundo ilusório e afirmá-lo ser nossa realidade, quando na verdade estamos ainda bem longe de viver nessa condição ideal?

É legítimo ir em busca da felicidade e persegui-la tentando encontrar nosso lugar ao sol. É até uma obrigação, né?

Mas elaborar esse mundo é muito mais do que inventá-lo numa página, em compartilhar lampejos de iluminação ou na preocupação superficial com a imagem, mostrando como temos amigos cultos e bem-sucedidos e uma vida digna de se admirar. É muito mais do que criar momentos agradáveis para vivenciar, que logo se esvaem no tempo e caem no vazio do nosso íntimo carente.

Elaborar esse mundo é colocar em alerta todos os nossos sentidos para captá-lo. Ler o silêncio daqueles que estão à nossa volta e desejar genuinamente descobrir se há algo de positivo a contribuir para o crescimento daquela realidade. É nos aprimorar para sermos mais capazes de agir. É nos doar para o conforto físico e mental de todos que nos cercam, começando por nós, chegando até onde nossa influência possa alcançar. É lembrar que esse é o verdadeiro sentido do “é impossível ser feliz sozinho”.

Andréia Borges
Enviado por Andréia Borges em 05/11/2018
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