Os Riscos da Desunião

A menos de uma semana da eleição presidencial entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, vemos uma divisão de expectativas entre os simpatizantes de Bolsonaro e Haddad. O primeiro extravasa sua condição de favorito bradando vitória de modo acachapante, no entanto, o segundo aposta na virada histórica clamando aos céus um fato que desmoralize contundentemente seu oponente, além de confiar na redenção dos atores políticos da esquerda, algo que até o presente momento foi varrido drasticamente pós impeachment de Dilma Rousseff, culminando na derrocada de representantes eleitos do partido dos trabalhadores e seus satélites.

Cada qual empenha-se em conquistar eleitores para sua seara, de modo conseguir eleger seu candidato favorito, mas o próximo presidente da república assim como os anteriores governaram para a nação brasileira e não apenas para a maioria ou um grupo específico de brasileiros. O pensamento do próximo presidente deverá ser de aglutinação da população e não de sua cizânia, pois um verdadeiro estadista deve propor a reconstrução do Brasil ao invés de sua ruptura.

Durante muitos anos o brasileiro observou a política como algo distante de seu controle, um mecanismo repleto de incongruências difícil em previsibilidade incompreensível em seus aspectos, desta maneira os corruptos jactavam sua arrogância prejudicando os mais necessitados subtraindo seus direitos e levando-os a derrocada sem piedade. Porém, a sociedade mostrou seu descontentamento apeando do poder modelos de gestão política ineficientes e políticos descompromissados com a opinião pública, no qual chegamos aos dois candidatos a presidente da república escolhidos para disputar o segundo turno.

No desenvolvimento da campanha eleitoral houveram excessos produzidos por simpatizantes dos dois pólos, no afã desembestado em divulgar as virtudes de cada candidatura, o acirramento do discurso dividindo as propostas multiplicavam-se ferozmente. O nós contra eles do movimento petista somou-se ao movimento bolsonarista da maioria contra a minoria, como se o presidente governasse para a maioria ao invés da totalidade.

A concentração de votos arrematada pelos candidatos originalmente não assemelha ao percentual conquistado até o presente momento, muito em virtude ao trabalho de assessoria dos postulantes ao cargo de presidente, já que ambos possuem discursos motivando a separação dos eleitores que pensam semelhantemente aos seus candidatos, esquecendo os fatores elencados a seguir que irão definir qual dos candidatos conseguirão os votos necessários para serem proclamados o novo presidente da república federativa do Brasil:

- Os eleitores que anteriormente votaram em candidatos diferentes aos que seguiram para o segundo turno;

- Os eleitores decepcionados com os partidos de esquerda, no entanto, que anseiam em acreditar no candidato Haddad, porém podem inclinar-se a uma nova opção de governo da direita para mudar radicalmente os destinos do país;

- Os eleitores decepcionados com o discurso virulento do candidato Bolsonaro, porém alguns não votariam em candidatos da esquerda;

- Os eleitores que não votariam de forma alguma em candidatos de esquerda, porém não votaram em Bolsonaro;

- Os eleitores que não votariam de forma alguma em candidatos da direita, porém não votaram em Haddad;

- Os eleitores que hoje votariam em branco, contudo alguns penderiam para Bolsonaro ou Haddad e

- Os eleitores que hoje estão indecisos.

Muito cuidado com essas variações ambos os candidatos, principalmente diante dos discursos de ódio que possam transmitir seus antagonismos. Um país será governado por apenas um presidente e o mesmo deverá ser tolerante com as críticas sem utilizar-se das palavras ofensivas e separatistas, o regime da desunião tem graves consequências e riscos dos quais o Brasil deveria manter-se distante.

Luis Profeta
Enviado por Luis Profeta em 23/10/2018
Reeditado em 26/10/2020
Código do texto: T6484259
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