O cerrado é um museu vivo a céu aberto

11 de setembro é o Dia do Cerrado brasileiro. Aqui em Brasília aconteceram encontros com autoridades e pessoas da sociedade organizada para discutir esse bioma, que é considerado a caixa d’água brasileira.

Um desses encontros aconteceu na Câmara dos Deputados, organizado pelo EcoCâmara. Em meio a aplausos e vaias ouvimos ideias favoráveis ou contrárias à preservação do Cerrado. Enfeitaram o evento encantadoras poesias, crianças com discursos rebuscados escritos pelos professores, além de peças teatrais.

“Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.” http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado

“O Bioma Cerrado ocupa 2.036.448 Km², ou seja, 23,92% do território brasileiro. Ocupa a totalidade do Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%), Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além de porções de outros seis estados.” https://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia15.php

O que pretendo trazer para esta reflexão é que, enquanto ainda estamos esfriando as cinzas do Museu Nacional no Rio de Janeiro; enquanto pessoas se aglomeram na porta do museu para chorar seu fim o cerrado arde em chamas e quase ninguém se dá conta. As sirenes do Corpo de Bombeiros cortam Brasília pedindo passagem para proteger pássaros, lobos e plantas que são queimados vivos em sua própria casa. Como nos sentiríamos vendo as labaredas avançando sobre nós?

O Museu Nacional foi fundado há 200 anos. O cerrado existe há 65 milhões de anos. É tão antigo que cerca de 70% da sua biomassa está subterrânea, o que significa que, ‘uma vez devastado, devastado para sempre’. Se não cuidarmos do cerrado, não restará espécime nem para museu.

Ainda dá tempo de conhecermos os jardins floridos em Cavalcante, os cânions do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, as grutas da Terra Ronca, as cachoeiras de Pirenópolis e relaxar com a sinfonia dos pássaros nos parques e quadras em Brasília. Fica o convite, visite o cerrado. Ele é um museu vivo a céu aberto.

Colaboração: Thaís Oliveira