O MISTERIOSO CASO DO PÊNIS VOADOR

Ao acordarem numa bela manhã de 21 de abril de 1993 os moradores de Capão Redondo depararam com um pênis pendurado, por uma corda, num fio de alta tensão. Com o vento, o penduricalho balançava pra lá e pra cá, mas ninguém se atrevia a tocá-lo. Entretanto, a imaginação de todos fervia com diferentes hipóteses para explicar o fenômeno. Houve até quem se lembrasse de Tiradentes, executado num 21 de abril. Seus membros foram espalhados pela Estrada Real, mas...e o apetrecho do inconfidente, onde foi parar? Estaria ele ali, agora, para receber uma última homenagem dos seus descendentes?

Com base nas fotos, ufólogos especularam que se tratava de um peniscóptero vindo do espaço, obrigado, numa situação de emergência, a recarregar as baterias na rede de energia elétrica.

“PM caça o dono do pênis voador” foi uma das manchetes estampadas no “Notícias Populares”. De acordo com a reportagem, “a polícia investigou cinco covas da região e não encontrou nenhum cadáver” desfalcado de seu órgão genital. Vasculhou, também sem sucesso, hospitais e necrotérios. Ligações anônimas diziam que o membro pertencia a um estuprador de menores, justiçado pela família de uma das vítimas com a Lei do Talião.

Especialistas também foram consultados. Do departamento de patologia clínica da Associação Paulista de Medicina e da Faculdade de Veterinária da USP. Dizendo, uns, que “o pênis voador nada mais era que um rabo de boi sem o couro, o que lhe conferia a aparência de pele humana”. Declaração contestada por outros, que reafirmavam a natureza humana do objeto.

A dissidência foi temporariamente aplacada pela faxineira Aparecida que, olhando as mesmas fotos, reconheceu a verga do marido Gérson, sumido de casa havia dez dias. E a polícia já ia encerrar o caso quando Gérson reaparece na cidade, qual Ulisses redivivo, mais inteiro do que antes e cheio de amor para dar à sua Penélope.

Nessa altura, a coisa já havia desaparecido e o inquérito foi arquivado. Sumiu tão misteriosamente quanto apareceu, na calada da noite. O que só fez aumentar o enigma, dando-lhe a mesma dimensão atribuída mais tarde ao E.T. de Varginha.

Depois disso – dizem - o local se transformou num ponto de encontro das mocinhas casadoiras no dia de Santo Antônio. Foi construída uma cabana rústica de madeira, de cujo teto pende uma réplica, feita de borracha, do misterioso objeto que tão vivamente atiçou a imaginação dos moradores de Capão Redondo. Diz a lenda que, se a pessoa interessada tocar nele três vezes, não morre solteira. Nem precisa de muita intimidade. Basta o toque de mão.

Mais recentemente corre o boato de que o candidato que fizer o mesmo, antes dos demais pretendentes, ganha as eleições presidenciais. Mas tem de ser no próprio local. O objeto não pode ser deslocado para Curitiba. Neste caso, a montanha não vai a Maomé.

Pereirinha
Enviado por Pereirinha em 31/08/2018
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