escolho escrever sempre com uma porcentagem de poesia
Desde que decidi retomar – ou deveria dizer começar do zero – o projeto do meu livro, eu tenho passado por uma crise literária assustadora. Da mesma forma que a partir do momento que decidi ser grata pelo que tenho ao invés de perder tempo com o que não tenho – ainda – muitas pessoas, coisas e situações começaram a ir embora da minha vida. Parece um teste.
Pode ser que me sentir tão estarrecida ao assistir a debates e sabatinas e analisar as pessoas que estão concorrendo ao mais alto cargo político desse país me tire a inspiração. E escolho escrever sempre com uma porcentagem de poesia por acreditar que já tem gente e “News” demais tensionando os peitos mais sensíveis e abertos por aí.
Em junho foi publicado um texto meu no jornal aqui da cidade e repercutiu por doer, sobretudo nos homens, onde mais dói. Eu estava falando sobre machismo e me disseram que a minha veia poética era incrível, embora eu a tivesse substituído por uma navalha. Fato é que desde então, separar textos merecedores de um livro e produzir coisas novas diante de tantos acontecimentos internos (leia-se saudades, aceitação e vida que segue), movimentação e gente que não aceita o quanto amar é bonito – e necessário – tem sido algo similar a acreditar num país justo. E em pessoas.
Veia poética ou navalha, só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão. Não há cargo que nos livre da dor do amor e do medo da morte. Não há terno e gravata que dê dignidade a um homem e nem livros que nasçam sem inspiração.
Me beija? Aceito sugestão.
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Textos De Quinta - um a cada quinta (ou não)
Não é promessa, é só desejo.