Ai que saudade que dá
 
     Nesse exato momento, uma hora e trinta e cinco minutos, no meu exílio me encontro, e sou acometido por uma profunda nostalgia. Minha mente começa a viandar. Estou em Cachoeira do Mato, a tarde estava desfalecendo, em seu lugar, toda vivaz, chegando de mansinho, vinha a noite. Meu avô materno estava sentado na sua cadeira, na calçada da sua casa, e ali no seu colo, ficava eu observando ao Largo, o movimento das pessoas que ali transitavam. Era tudo muito vivaz, a felicidade era estampada na face das pessoas. Ali era um lugar simples, desprovido de luxo e ostentação, mas como eu amava aquele local. O movimento aumentava, assim que as pessoas acabavam de jantar, era de praxe as pessoas sentarem nas calçadas e ali começavam as histórias, saiam coisas do Arco-da-velha. Enquanto os adultos se enredavam na prosa, as crianças caiam no capinado com as suas brincadeiras, tempo era precioso e cada segundo era desfrutado intensamente.
     O cinema era a sensação do momento e fazia o maior sucesso naquela época. Roberto Carlos começava a despontar, e as suas músicas passavam em todos os lugares, é impossível lembrar de Cachoeira do Mato, sem lembrar das músicas do Roberto. Uma ficou marcada em minha mente por causa do refrão:
Eu te amo!
Eu te amo!
Eu te amo!
Além desse refrão, lembro também de alguns versos: Cartas já não adiantam mais, quero ouvir a sua voz, vou telefonar dizendo, que estou quase morrendo, de saudades de você. Quando alguém cismava de querer telefonar, tinha que ir até um Posto Telefônico, a telefonista ficava tentando várias vezes, até que uma bendita hora sua ligação era completada. Apesar da dificuldade tudo colaborava para o social. Outro fato que me recordo de forma tão nítida, era que o gerador de luz desligava às 22 horas, e mesmo com a ausência dela, o povo ainda insistia mais um pouco na conversa.
     Momento único que de tão prazeroso, até hoje me recordo de forma tão carinhosa e saudosa. Naquela época carecíamos da tecnologia, que não tinha o avanço atual, mas em compensação as pessoas eram mais saudáveis, relacionando-se mais com as outras. Ai que saudade que dá.
 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 22/08/2018
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