Acidente na sala de espera do dentista.

A mulher, com aproximados 65 anos, é afrodescendente de nariz empinado que, tem formação universitária e dá aulas numa das faculdades da cidade.

Ela foi jornalista no exterior, sua mãe foi minha vizinha de 1973 a 1990. Mantenho amizade com sua irmã que possui uma imobiliária e já cuidou de um imóvel que alugo.

Ontem, no final da tarde, eu estava na sala de espera do dentista que nos atende há, pelo menos, 30 anos, quando ela chegou, como sempre, se sentou sem cumprimentar ninguém.

Certa vez, sozinhas, eu e ela na mesma sala de espera do dentista, a desafiei falando das preocupações de sua mãe e irmã quando ela trabalhava no exterior e não havia como ter notícias por causa dos conflitos que lá aconteciam.

Falei da alegria da mãe ao receber suas cartas e do quanto ficou feliz quando ela voltou a morar no Brasil.

Apesar disso, ela continuou a passar por mim na rua e feiras livres sem “conseguir” me ver.

Tenho dó dela. Deve ser muito infeliz...

Na sala de espera do dentista estávamos em quatro senhoras, quando a mulher entrou, pegou uma revista e começou a “ler”, enquanto nós três continuávamos conversando animadamente.

Os assuntos eram leves: ser cuidadora, fazer exercícios, preparar receitas naturais...

Eu estava tão à vontade que cheguei a dar a receita da gordura de coco que uso pra cozinhar, como hidratante no rosto, cabelos...

A senhora de 90 anos, que estava conosco, e outro dia já havia encontrado lá, nos deu corda ao elogiar a função de cuidadora minha e da outra moça que, cuida da mãe há 20 anos, e em seguida elogiou a minha pele. Foi por isso que lhes dei a minha receita.

Enquanto isso a mulher antipática, em nenhum momento ergueu o olhar. Era como se estivesse numa redoma isolada de nós, reles mortais.

Pensei: _Poxa, eu nunca vi a moça que está ao meu lado e estamos conversando como se nos conhecêssemos a vida toda, enquanto aquela que conheço há tanto tempo, assim como toda a sua família e, encontro neste consultório há mais de 30 anos...

Exatamente nesse momento, a antipática se levantou pra devolver a revista na porta-revista que fica embaixo do bebedouro. Quanto ergueu a cabeça deu uma cabeçada e abriu a testa em dois cm. E começou a jorrar sangue.

Pensei: _ Ela não gosta de mim, e se acha. Ah, eu que não vou chegar perto dela.

Gemendo a mulher foi ao sanitário tentando estancar o sangue com papel toalha... Foi bem estranho vê-la usar papel toalha, mas...

Nisso o dentista apareceu e lhe informamos que havia tido um acidente e a moça precisava de ajuda.

Quando ele perguntou à mulher: _ O que aconteceu?

Ela disse que ficou irritada com tanta “conversinha” na sala de espera e já estava indo embora, quando tudo aconteceu.

O dentista deu a ela um chumaço de gaze e disse: _ Me dá um segundo.

Limitei-me a olhar e pensei: - Se fosse eu, teria dado gelo e as gazes, mas os doutores aqui são eles.

O dentista ligou pra sua filha que, também é dentista e atende no consultório ao lado crianças e pessoas especiais...

Depois chamaram um taxi pra mulher acidentada.

Não sei se ela teve o cuidado de ir Pronto Socorro pra fazer curativo e tomar vacina contra o tétano...

A conversa continuou entre nós, agora o assunto era: nossa energia atrai tantas coisas...

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 14/07/2018
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