A LÓGICA DO OLHAR SOBRE O MUNDO

O maior problema do mundo atual é a convivência sem estresse, sem revanche, sem autoritarismo. Existem conflitos de todas as esferas, seja econômica, política, cultural, religiosa, afetiva, familiar... A humanidade em seu todo está menos convidativa, hospitaleira e acolhedora. O mundo está ficando hostil, traiçoeiro, vingativo, imperialista, insensível e até irracional. A filosofia do Alemão Nietzsche, está sendo quase que uma previsão do futuro próximo. “O outro é meu inimigo”.

Diante dessa realidade neblinada e ameaçadora, não se pode ir nem para um lado e nem para o outro. Equilíbrio passa a ser fundamental. Aqui a oração de São Francisco de Assis torna-se mais do que atual, ela é uma necessidade.

“Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;

Onde houver erros, que eu leve a verdade;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar,

que ser consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar, que ser amado;

Pois é dando que se recebe;

É perdoando, que se é perdoado;

E é morrendo que se vive para a vida eterna”.

Ora, se o mundo não quer a paz, que sejamos de paz; se o mundo é dos consumidores alienados, que sejamos consumidores conscientes. É preciso aprender a conviver com o diferente: o refugiado, o estrangeiro, o turista, a negritude, o homoafetivo, o pobre, o rico, afinal, somos todos passageiros nesse nessa locomotiva que hoje é trem bala.

Como nós sabemos que o horror e o medo, muitas vezes, nos ensinam mais do que a boa vontade e a previsibilidade das coisas, é preciso um novo modo de construir, ensinar e aprender. Precisamos ter consciência de que a pluralidade é uma característica dos tempos modernos, e como tal pode ser sinal de sabedoria. Precisamos nos educar e educar os outros para o olhar, para a maneira de ver as coisas como elas são e não como gostaríamos que elas fossem.

A filosofia do olhar é uma corrente filosófica contemporânea que destaca a “educação do olhar” como ponto de saída do pensar. Pois, o olhar que temos dos outros é o mesmo que temos de nós mesmos. Sempre buscamos a sobrevivência e o sentido na vida.

A lógica do pensar de Nietzsche, de que “o outro é meu inimigo” está voltada para o desenvolvimento de uma política de relações mínimas, de exceção, ou seja, “quanto menos contato com o outro, melhor”, quanto mais ruim ficar para quem não gosto melhor. Isso vale tanto para o indiviual, quanto para o coletivo. No entanto, o ser humano é um ser de relação por excelência. Nos encontros, as relações sociais fazem as pessoas serem elas mesmas em profundiade. Quanto mais forte for a intensidade das relações sociais, mais verdadeiras serão as pessoas em suas histórias.

A falta de visão clara do mundo em que vivemos está destruindo vidas. Tanto na questão das patologias, quanto da violência, da fome, do preconceito, da segregação racial, da gritante desigualdade social entre os seres humanos. Tudo isso deve levar-nos à busca por um outro projeto de vida e de significado que venha confrontar à essa realidade desumana que se apossa do “cosmoi”, casa, terra em que hatitamos.

A educação do olhar ampliará o legado dessas opções, levando os seres humanos a serem mais precisos na busca pela felicidade coletiva. Existem muitos e bons exemplos pelo mundo afora. Povos, famílias e pessoas diferentes que vivem a vida em plenitude e harmonia em ambientes totalmente diferentes daqueles planejados e nem por isso vivem praguejando contra tudo e contra todos. A vida é muito curta para ser pequena! (Benjamin Disraeli).

Percebemos que se o mundo está violento e que um dos maiores desafios da atualidade é a convivência pacífica, a ética pode nos ensinar muito. Isso porque a elegância da ética nas relações entre todos transparece na leveza do comportamento da pessoa que vive a vida autêntica, aberta ao outro e pelo outro, sem preocupação com regras e etiquetas sociais.

É necessário pensar as relações sob a forma do cuidado, da filosofia do “olhar a vida”, de permitir que o outro seja, que o mundo seja. É necessária a superação do utilitarismo e da entrada da filosofia das relações do ser humano consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus. A Paz defendida pelo judaísmo antigo. “Cumpre recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem”. (PP. Francisco).

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 28/06/2018
Código do texto: T6376295
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