Um Recomeço - Rússia 2018

Minha primeira crônica ressaltou sobre a final da Copa no Brasil do jogo que todos esperavam (Brasil x Argentina) em contraponto com a final realizada (Alemanha x Argentina), onde lamentavelmente o Brasil atropelado pelo 7x1 assistiu seu algoz ser sagrado campeão mundial frente a seleção argentina, que por muito pouco não conseguiu dançar um tango em terras brasileiras. Agora temos uma nova copa, desta vez na Rússia onde tentaremos retomar o posto de melhores do mundo sob a batuta de São Tite e seus confiantes discípulos, alguns nunca tiveram a honra de disputar uma Copa, porém conquistaram títulos importantes em seus clubes.

Para exemplificar um possível recomeço a esta seleção, baseio-me aplicando uma ilustração bem interessante: Certa vez um garoto ouviu de sua professora, a solicitação de escrever um pedido que a muito tempo não era realizado. Prontamente o menino escreveu em um pequeno papel o pedido e o mesmo guardou no bolso de seu shortinho.

Depois disso, o garoto retornou a seu lar muito contente pela aula, porém seu olhar permanecia naquele pequeno pedaço de papel em seu short. Ao adentrar em sua casa, seus pais estavam discutindo muito asperamente, eles nem viram o garoto entrar em seu quarto e só ouviram um barulho muito forte de porta batendo no quarto do menino.

O pai logo percebeu que o garoto poderia ter visto aquilo e calmamente entrou no quarto, reparando que o menino estava chorando deitado na cama com a roupa que viera da escola. Docemente, o pai segurou seu filho no colo e disse ao pé do ouvido do menino: “Não se preocupe meu filho, papai e mamãe já aprenderam a lição”.

Um beijo de carinho no filho foi o bastante para um pedido de desculpas do pai, então ele se retirou do quarto deixando o garoto dormir um pouco após um choro dolorido. Os pais do garoto, no quarto ao lado, fizeram as pazes sem demora iniciando um longo período de amor regado de bastante desejo!

Na manhã seguinte, os pais foram ao quarto do filho a fim de fazerem uma surpresa, no entanto o garoto já estava de pé, de roupa trocada e banho tomado para admiração dos pais. Antes que algo fosse dito, o garoto entregou a seu pai aquele pedaço amassado de papel retirado do bolso do shortinho do menino.

Compassivo, o pai leu o bilhete em voz alta e suave: “Peço a seleção brasileira que nunca mais me deixe triste na Copa”. O pai novamente pegou o menino no colo e olhando nos olhos da mãe disse: “Seu sofrimento nos uniu novamente, meu filho amado! Da mesma forma que aprendemos contigo, certamente eles também aprenderam a lição, porém ganhar ou perder faz parte do jogo e lutar faz parte da vida.”

Assim o pai e a mãe abraçaram seu filho entusiasticamente confraternizando com ele o pedido tão inocentemente feito, contudo com o coração puro que só uma criança é capaz de fazer.

Nesta ilustração temos três elementos que podemos transferir no campo do futebol: o pai, a mãe e o filho. O pai significa o futebol brasileiro, nossa ginga dos mestres que na muito tempo estava esquecida na lembrança de quem viveu aquele período, a mãe é a nossa seleção brasileira, cabisbaixa, sem moral, carcomida de vergonha pelos 7x1 e ridicularizada pelos adversários e o filho é a torcida brasileira que por hora ficou desconfiada da capacidade da seleção de reagir a esta afronta, observando que a falta de planejamento nos obrigou a maior goleada sofrida em um dos jogos da Copa, justamente em casa e tão próximos das finais.

Contudo, a discussão entre o futebol de outrora (pai) e a seleção (mãe) foi vista pelos dois provocada com o choro da torcida (filho) e compreendida a ponto de haver uma aposta entre um técnico experiente, mas que nunca havia sido anteriormente testado na seleção, onde foram reunidos jogadores motivados a dar a volta por cima e conquistar resultados contundentes a fim de classificarem com sobras a esta Copa na Rússia. Mesmo que não ocorra a conquista do hexa neste ano, uma certeza nós já obtivemos, o vexame da Copa anterior já foi aprendido por eles e a raça voltou no espírito da nossa seleção brasileira. Vai Brasil!

Luis Profeta
Enviado por Luis Profeta em 16/06/2018
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