INFLUÊNCIAS
Quando iniciei a escrever, queria ser surrealista.
Pintar em cores aleatórias e ousadas meus versos e prosas.
A fina e minuciosa construção de Cortázar me encantava. Uma prosa em que se ia penetrando, pouco a pouco, num universo onírico de beleza ou terror.
Outro espécime, este nacional, também dividia minhas atenções. Era o mineiro Roberto Drummond que mixava o cotidiano junto com o delírio e a denúncia política.
Nunca vou esquecer a passagem, de um de seus livros, em que o General-Presidente conversa com seu cavalo. Este está deitado na cama e lhe fala trechos do livro "O Príncipe", de Maquiavel. Nem em minhas mais alucinadas viagens imaginaria isso.
Mas, o tempo foi passando e eu ficando cada vez mais preso ao solo do cotidiano. Ao território do real.
Meus voos estavam circunscritos. Eram de curto percurso. Pois as asas que a natureza me dera estavam meio podadas.
Tornei-me sul-realista, o que este minuano gelado me permitiu.
O possível para este tempo de tons mórbidos e de criaturas idem.
Porém, tenho esperanças. Quem sabe um sol intenso e semeador nos aqueça amanhã.
Por ora, apenas o frio.