Mero esbarrão

Achei que fosse perca de tempo crer que pudéssemos nos falar de novo. E pensei que se talvez nos encontrássemos fosse por um mero esbarrão no meio de uma avenida qualquer. Isso seria um tanto impossível e desisti por um momento de deixar que em meu pensamento invadisse qualquer retalho de lembrança sua.

Primeiro porque foi muito pouco tempo, dois ou três beijos no rosto, quatro ou cinco versos meus que talvez você tenha lido e uma porção de empurrãozinho do destino pra que a gente se encontrasse. Mas tempo suficiente para me impressionar da melhor forma possível com aquele olhar cheio de tudo e de coisas que talvez ainda quisesse me falar. Ou ainda queira. ..

Administrar o tempo com a coragem de dar um passo a mais, por mera simplicidade de ter dito o que sabia sobre mim sem menos me conhecer. Por tocar na ferida mais funda e me resgatar novamente aos meus versos e entregar o que eu precisava sem ao menos saber que eu pudesse pedir por tudo aquilo calada.

E depois que tanto tempo tenha se passado ainda assombra meus sonhos. E eu nunca achei que usaria o verbo assombrar como forma positiva. Porque lá posso te perceber aparecendo de mansinho como quem não quer nada, mas ao mesmo tempo sabendo tudo o que quer. É nos meus sonhos que eu encontro a melhor versão de você e pude inocentemente descobrir o gosto do seu beijo. Metade de mim é lembrança dos poucos dias que demos a mão sem ao menos termos nos tocado. Que uma linha imaginária deu um nó que nem se eu quisesse arrebentaria e também porque eu haveria de querer? Se quando tudo que eu precisava era um pouco de sossego e você silenciou a dor, quando sem mais nem menos você me devolveu um pouco de esperança em um abraço e me chamou de linda e mesmo depois da consequência da minha não reação ainda conseguiu sorrir.

Linda foram suas atitudes de estar por perto quando ninguém mais estava, se fazer presente e especial sem ao menos saber que você era e ainda é o único que eu prefiro venerar em silêncio.

Byanca Gon
Enviado por Byanca Gon em 12/04/2018
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