As mulheres de Jesus


          1. Está em um dos Evangelhos, que "Jesus subiu depois o monte. E chamou os que queria para junto de si. E eles chegaram perto dele. Instituiu doze para serem seus companheiros, e para enviá-los a pregar, com o poder de expulsar os demônios". Neste momento, deu-se o que o ex-papa Bento XVI chamou de "instituição dos Doze". Digo eu: nasciam os Apóstolos.
          2. A Bíblia registrou e guardou o nome de todos eles: Pedro, Tiago, João, André, Tomé, Filipe, Mateus, Tiago (2), Tadeu, Simão, o Zelote, e Judas Iscariote. Mais tarde, pesquisadores autorizados revelaram o significado de cada nome. 
          3. Exemplos. Pedro, em Grego, Petros, em Aramaico, Kephas, significa pedra, rocha; Filipe, meu xará, em Grego, Philippos, significa amigo do cavalo. Já escrevi sobre meu nome e mostrei que sou muito mais amigo dos passarins do que dos equinios. 
          4. E o velho e condenado Judas Iscariote? Em Grego, Loudas, em Aramaico (a língua de Jesus), Yehudah, significa - pasmem! - significa, é verdade, a-ben-ço-a-do!
          5. Citei o ex-pontífice Bento XVI porque, aproveitando a calmaria da santa Quaresma, estou lendo um de seus melhores livros: "Os Apóstolos e os Primeiros Discípulos de Cristo".
     Numa linguagem direta, inteligível e acima de tudo evangelizadora, Bento nos diz como o Profeta de Nazaré escolheu seus Doze Apóstolos e como seus apóstolos, seus discípulos e discípulas desempenharam a missão que lhes fora confiada. 
          6. Mas, mas, lendo esse livro do Teólogo Joseph Ratzinger não obtive a resposta para uma pergunta que faço, sempre que caminho pelos capítulos e versículos da Bíblia que tratam da formação dos Doze.
     Esta é a pergunta: por que Jesus não incluiu entre seus apóstolos, pessoas de sua inteira confiança, uma mulher. Não vale dizer que naquele tempo "era assim, as mulheres ficavam de fora". Foi Cristo quem fez a escolha. Perdão! Mas nunca entendi esta exclusão.
          7. Há um capítulo no livro do Bento XVI - "As mulheres no Serviço do Evangelho" -  mas não diz por que as mulheres não viraram apóstolas. Nesse capítulo, Ratzinger diz claramente que "a história do Cristianismo teria tido um desenvolvimento bem diferente se não houvesse a generosa contribuição de numerosas mulheres". 
          8. E recheia o capítulo, lembrando algumas mulheres, discípulas fieis de Jesus. A Virgem Maria, claro, em rimeiro lugar, "que com a sua fé e a sua obra materna colaborou de modo único para nossa Redenção, tanto que Isabel pôde proclamá-la bendita és tu entre as mulheres...", destaca o prelado ilustre.
          9. Fala em Joana, Suzana, Ana, a profetiza, na Samaritana, do poço de Jericó, na mulher pecadora, na mulher que ungiu a cabeça do Mestre, momentos antes  da Paixão, até chegar a Maria Madalena, a querida de Jesus. Recorda Bento, que São Tomás de Aquino qualificava Magdala como a "apóstola dos apóstolos" - apostolorum apostola.
          10. Ainda sobre Maria Madalena, lembra Bento XVI, que "ela não só presenciou a Paixão, mas foi também a primeira testemunha e anunciadora do Ressuscitado - Cf Jo, 1.11-18". E que as mulheres, segundo os Evangelhos, "ao contrário dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão.
     Lembro Verônica, que, enfrentando a soldadesca enfurecida, enxugou, com um lenço, o rosto sangrando do Mestre, a caminho do Calvário.
          11. Muito bem. Apesar de ler e ouvir tudo isso, continuo sem saber por que Jesus, na hora de escolher os Doze, deixou as mulheres de fora.  Espero por uma resposta.
​​​          12. Em verdade, em verdade, porém, vos digo: à luz dos Evangelhos, Jesus de Nazaré jamais poderá ser acusado de machista. As mulheres sempre estiveram ao seu lado, sempre o acompanharam, nas suas andanças pela Terra.  
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 17/03/2018
Reeditado em 17/12/2020
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