CRÔNICA DA SOLIDÃO


          Sabe aqueles dias em que a gente sente que está faltando algo dentro de nós? Que as coisas que estão diante de você parecem não ter sentido, há um vazio, um hiato, calmaria nas velas, sem vento, tudo parado! Que você é invadido e preenchido por uma vontade de estar em outro lugar. Que os desejos maiores são permeados de coisas simples. Que aqueles que estão e são os seus mais próximos parecem te ingnorar completamente! Que sua ausência é um tanto faz e sua presença já não é um costumaz!

          Que as horas não preenchem os dias e que você sente um aperto dentro do peito, um entalo na garganta e um frio no estômago! Que sua voz não sai, seu grito é mudo. Que as coisas do mundo estão fora do seu alcance e você só pensa em sumir! Que a solidão é tua companheira constante, mesmo na presença de tanta gente em torno de si! Sabe como é querer está sem mesmo para isto existir?

          Você sabe o que é sentir-se banido veladamente, procurar uma boia para não afogar-se enquanto se sufoca em terra firme, na poeira da agonia da alma solitária, que parece até abrir-se em fenda pra te engolir, te sepultar ainda moribundo, morto vivo! É você gritar e ninguém te escutar! Moer e remoer sentimentos sabendo que sozinho vai morrer, mesmo não tendo medo desta passagem! O silêncio, o tédio, o remédio que não cura as chagas, feridas entreabertas no peito por sentir-se abandonado! Então procuro você... E no meio desta multidão invisível estou perdido. Segura minha mão, fortaleça-me com seu sorriso de mulher menina...Devolva a esperança de um velho novo amor e afaste esta solidão que insiste em fazer morada em meu triste coração!
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 11/03/2018
Reeditado em 04/04/2021
Código do texto: T6276960
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