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       DAS MINHAS VELHAS GAVETAS !

      Se bem me lembro, desde que a aprendi a usar vírgulas  e o “c” com cedilha rabisquei de tudo um pouco. Tudo bem que a grande maioria dos meus rabiscos  não passaram e até hoje não passam de incontáveis tolices  mas que fique assim, são ou foram rabiscos que nem sei porque motivo guardei nas minhas velhas gavetas. 
   
  Sempre  fui meio  introspectivo mas  graças a muito esforço consegui superar  uma fase de intensa timidez e então  percebi  que minhas gavetas estavam ficando abarrotadas de rabiscos e aí , alguns simplesmente joguei fora e outros pouco a pouco resolvi mostrar.
     
Dos  que  joguei  fora não me arrependo porque neles  falei muito dos tempos em que fui apaixonado, dessa época em que a gente consegue se embriagar por certos perfumes e acaba acreditando e levando a sério que tudo costuma ser  para sempre.  Mas nem tudo. 
   
 Também andei deixando de lado alguns versos que me atrevi a chamar de poesia e  foi mais numa época em que me iludia com  facilidade e então, como essa época já passou quer dizer, como cansei de viver de ilusões não vi mais nenhum sentido em guardar os incontáveis  versos que já rabisquei.
   
 Talvez seja por  falta de uma musa  de verdade, dessas que possam vir para ficar bem mais do que só um pouquinho.
   
  Não sei se por vício  ou por hábito o fato é que rabisco todos os dias e às vezes várias vezes ao dia e  cada escrito jogo nas gavetas das memórias  e num dia qualquer ,  com um pouco mais de tempo ou  desses  que ainda tenham cerveja na geladeira   releio e se gostar mostro e se não gostar, ou deixo de lado ou então faço um aviãozinho e jogo pela janela.
       
Minha  sorte   é que as gavetas não reclamam e se reclamassem com certeza a primeira coisa que me diriam é se  não teria algo melhor pra fazer.
       
 Já disse inúmeras vezes que não sou e nem quero ser poeta ou escritor. É melhor  ser lembrado como um sujeito  gosta de rabiscar e entupir suas velhas e pacientes gavetas com um montão de tolices.
         
Também nunca passou pela minha cabeça escrever um livro , que talvez fosse um desses que a gente compra na noite de autógrafos porque na recepção tem ótimos  drinques e canapés deliciosos.

        A sorte das minhas velhas gavetas  é que embora rabisque muito,  embora destrua muito do que rabisco, embora não mostre nem a metade do que rabisco , sou muito mais leitor e nesse caso minha estante é que teria o direito de reclamar já que não sei mais onde guardar  tantos livros...

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(...imagens google...)

 
WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 02/03/2018
Reeditado em 08/03/2018
Código do texto: T6268906
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