Brumas do desejo

Talvez, o que aja de mais gostoso num sonho seja como é carregado pelos desejos. E, entre as brumas, vão-se os medos dos erros e como um download sendo carregando pelos anseios do dia as imagens se formam e ganham contornos sobre a leveza das penas do travesseiro. Ela dizia: “o som de tua voz me acalma e dá a leveza um porto seguro e tranquilo”. Mas toda a vez que ouvia a textura da voz mansa que lhe afirmava calmaria se fazia imaginar uma baía que com seus braços quebrava a fúria do mar e traziam acalento. Desejou aqueles braços sobre seu corpo. E foram sobre a luz do desejo que as brumas se formaram...

Havia, como sempre há de haver em uma baía, braços fortes que a protegia da fúria contínua dos arrebentou das ondas sobre a costa, um pedaço tranquilo de mar. Com a calmaria das águas, via-se cristalinos os corais ao fundo que refletiam os raios do sol em luzes coloridas no espelho d'água formando um caledoscópio natural. Realmente era lindo de ver a beleza do equilibrio de algo sem a interferência humana. Quando num canto descendo as dumas de areia ao encontro das águas da baía estava ela, bela como Iracema, não tão nua, mas com nudez o suficiente para inspirar alegria ao dia.

A pintura no rosto ressaltava a beleza. Com certeza não era uma pintura de guerra, mas era uma pintura que o punha em conflito. O preto sobre os olhos ressaltavam o negro das pupilas como se a corno se a cor daquele olhar fosse extrai do sumo do jenipapo. “É tão lindo o reflexo do sol sobre o negro dos olhos” , exultou num pensamento que lhe roubou o desejo. De tão vivo os negros dos olhos como um buraco de minhoca no espaço, sugou-lhe a atenção. Um universo inteiro davanvidava a uma viagem sem volta. E o vermelho urucum que traçavam abaixo dos olhos uma linha contínua que dava a estrutura do nariz a intenção do perfeito e quando se seguia a perfeição e se atingia a boca, era ali que o desejo ansiava uma parada, o toque nos lábios pelo beijo. Os cabelos negros cumpridos jogados sobre os ombros contornavam os seios mas não os cobriam. Seios fartos e robustos cobertos por pérolas, eram lindos de ver, despertavam o desejo do toque. A barriga molhada por gotas do mar era um caminho para os lábios perdidos em beijos buscarem segredos. A cintura, onde os acidentes geográficos quebram a retidão das linhas dando curvas ao imaginário faziam da língua uma arma para sentir o gosto da pele em um única, simples e singela lambida no umbigo. Enquanto as mãos em carícias circulares em respeito ao desenho das nádegas viajavam entre a bunda e as coxas grossas. Digna de adoração...

Imaginário, tudo que não aconteceu, tão real num sonho, tão perfeito no desejo, que o querer que moviam as brumas soavam uma maldição ter que acordar…

Sempre haverá uma conversa durante o dia onde não haverão flertes voluntários somente risos e sorrisos que alimentarão as vozes do desejos dando as brumas densidade para os sonhos. E o desejo dele era simples, encontra-la mais uma vez e olha-la com olhar de adoração...

Ley Gomes
Enviado por Ley Gomes em 28/02/2018
Reeditado em 22/04/2018
Código do texto: T6266688
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.