UMA FIGURINHA COMPLEXA – SER HUMANO

Hoje refletiremos um pouquinho sobre nós mesmo.

O estudo antropológico pode tomar três rumos diferentes: O primeiro trataria do ser humano sob o prisma físico somático (física anatômica, fisiologia, patologia, zoologia e paleontologia). O segundo o ser humano sob o aspecto de sua origem histórica, etnológica ou cultural (psicologia e sociologia). E o terceiro, o ser humano na ótica existencial ou filosófica.

Embora o termo seja recente, o estudo do ser humano sempre existiu, sobretudo no âmbito da filosofia grega e cristã, nos seus mais variados períodos históricos; e é claro que as definições foram as mais variáveis possíveis. O ser humano platônico é essencialmente alma, sendo essa imortal deveria o quanto antes retornar a seu mundo de origem. Já o ser humano aristotélico é composto de alma e corpo, como os demais seres do mundo, desempenhando a alma deste no papel de forma, mas não escapa da corrupção.

Com o advento do cristianismo, o ser humano não só se relaciona com a natureza, mas com Deus e com outras pessoas, sendo que a reflexão antropológica se dá a partir do conhecimento de Deus (teocêntrica). Se olhar nos olhos de Santo Agostinho, vê-se uma paixão extraordinária pelo ser humano. Nele a filosofia platônica ganha nuança no que diz respeito ao pensamento sobre mal, pecado, liberdade, pessoa e autotranscedência.

Para Tomás de Aquino o homem se compõe de alma e corpo, ambos têm seu próprio ato de ser e sua unidade é substancial. Com o modernismo, a pesquisa antropológica toma outros rumos do que o cosmo grego e os teocêntricos, e passa a considerar o ser humano como o ponto de partida de toda pesquisa filosófica e isso se dá com a pesquisa crítica de Descartes.

A ética de Spinoza tem como pressuposto a vida humana que em Hume é configurada como em um quadro completo de ser social; tem-se então Freud que modernifica os complexos e instintos humanos, e em Heidegger tais instintos tomam o nome de possibilidades. Em suma, todos os filósofos, direta ou indiretamente, tiveram algum contato com as questões antropológicas.

A crítica da razão pura de Kant caminha para o fim da busca metafísica dos filósofos da época renascentista. A mente humana não conceberia um conhecimento absoluto nem do mundo, nem do ser humano e nem de Deus, pois só concebe aspectos práticos ou morais.

De um modo geral, a perspectiva moderna traz em si simultâneas eclosões que tentam afunilar a imagem do ser humano. Em Marx, por exemplo, há um ser humano econômico, em Kierkegaard um ser humano angustiado, em Bloch um ser humano utópico, em Ricouer um ser humano falível e em Gadamer um ser humano hermenêutico. Para o filósofo Marcel o ser humano é um ser problemático que se torna cultural. Para Gehlen e Luckmann, o ser humano é profundamente religioso.

Com essa explanação podemos perceber que conhecer o ser humano é uma necessidade real, mas como em qualquer ciência deve-se perguntar que método usar? Seria o fenomenológico de Husserl ou o hermenêutico de Gadamer? Esses e outros métodos se mostram bastante específicos e tal pesquisa necessita de métodos universais. E é justamente aí que a antropologia entra se diferenciando das demais ciências, pois a antropologia compreende não só um, mas dois aspectos, um físico e outro psíquico.

Por fim, pode-se perceber que o método acertado é peculiar à antropologia, devendo levar o estudo o mais perto possível da essência humana.

O avanço científico e sua multiplicação excessiva no que se refere a áreas especificam trouxeram a cultural materialista. E o aprofundamento puramente metafísico gerou o que se chama cultura espiritualista.

Crê-se então que para conhecer o ser humano não se deve contentar com simples conclusões introduzidas na cultura pela brecha do senso comum, deve-se buscar a verdade real do único ser que busca entender o universo em que está inserido.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 27/02/2018
Código do texto: T6265884
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