Muro alto vestido de hera

Depois de longo tempo de sol e chuva, a hera avolumou-se, desordenadamente sobre o muro, criou longas e fortes raízes, acarretando danos ao que lhe sustentava
Era necessário podá-la antes que animais indesejáveis ali fizessem morada, ou o muro desabasse. Seria preciso coragem e desapego para podar a hera ao máximo, deixando o muro vazio; até que novas folha ressurgissem. As raízes, alicerce do velho muro, já carcomido pelo tempo, não seria possível arrancar; conservam-se firmes.

Entretanto, impossível manter inalterado, depois de tantas estações, o que um dia floresceu, e agora sufoca o que resta de vida. Aceitar a realidade de forma objetiva, poderá salvar o muro, em quanto este cumpre seu tempo e sua função.

Decisão tomada: o jardineiro de tesoura em punho começa a desbastar o que antes fora motivo de alegria e agora é motivo de tristeza. A hera presenciara tantas histórias ao longo de seu crescimento! Guardaremos na lembrança a beleza e o frescor provenientes do verde muro em seus dias de glória; alento dos que habitavam a velha casa.

O verde da hera já não existe, restam as sólidas raízes. Chuva e raios de sol se incumbirão de fazer brotar nova vida, em um ciclo constante de renascimento. Provavelmente, na próxima primavera, novas folhas terão surgido, assim como: novos sonhos nos corações que habitam a casa de muro alto vestido de hera.

Lisyt
Lisyt
Enviado por Lisyt em 14/02/2018
Reeditado em 05/06/2018
Código do texto: T6253945
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