UM TIRO NO PÉ

UM TIRO NO PÉ

Certa vez estava num bar de beira de praia, numa dessas cidades litorâneas, onde no entorno existia uma colônia de pescadores. Difícil ver um pescador que não goste de uma boa mentira e de várias talagadas de cachaça ao dia. Por isso, enquanto estive por lá, via os pescadores chegando, e a primeira coisa que pediam era a danada da cachaça.

O dono do bar, um sujeito vivido, servia a cachaça num copinho minúsculo e de um jeito especial parecido com aquele em que os garçons servem o Frangélico. Da garrafa de pinga, saia um filete quase que invisível e o copinho demorava um pouco para encher. Vendo isso muitas vezes e sempre da mesma forma, me aproximei do senhor Sidney (dono do bar), para matar a minha curiosidade.

— Sidney fala aí, que malandragem é essa desse copinho minúsculo, e por que serve a cachaça tão devagarinho?

Ele riu um bocado, olhou assim meio desconfiado, e me chamou num canto do bar,

Para dizer:

— Preciso manter a minha freguesia!

— Como assim? Indaguei!

— Carioca (era como me chamavam nessa praia da Bahia), se eu colocar a cachaça rapidamente e em copo grande, morrem rapidinho de cirrose. E eu, como é que fico? Tenho de preservar a clientela.

Olhei para ele com olhar de admiração e disse: Isso sim! É saber administrar um negócio!

Hoje, esse fato saltou de alguma prateleira de minha memória, porque contratei um plano de saúde (UNIMED-ANGRA), no dia 25 de outubro de 2017. No dia 14 de dezembro veio o primeiro boleto, no dia 10 de janeiro a segunda mensalidade e o e-mail do dia 23/01/18, acusou um terceiro boleto, para pagamento dia 08/02. Vale acrescentar que esse plano é administrado pela BEM-BENEFÍCIOS, e que até o momento, dia 24/01/18, não recebi em minha residência o cartão, para uso dos serviços contratados.

Pois, bem! Ao tentar ligar para a administradora do plano em seus dois telefones, o contratador do serviço, falará com uma máquina que pedira o seu CPF, imediatamente lhe enviará automaticamente outro boleto para o seu e-mail. Depois lhe diz que se necessitar de algo mais, que aguarde na linha e assim o fiz. Logo vem uma voz feminina para lhe dizer:

“Bem Benefícios” — Você de bem com a vida!

— Para falar sobre boleto — tecle 1, para falar sobre hospitais 2 e assim por diante, para no final das possibilidades você ouvir: –Se quiser continuar o atendimento permaneça na ligação, alguns segundo se passam, e a voz feminina vem com a aviso:

A sua ligação é a quarta da fila, seu tempo de espera é de seis minutos. E aquela musiquinha irritante nos ouvidos, mas logo a moça lhe avisa novamente: você é o terceiro da fila e o tempo de atendimento aproximado é de oito minutos (Como pode isso?). Mas você precisa resolver sua solicitação e fica ali esperando, mais cinco, dez minutos até, que a voz feminina lhe diz outra vez: “A sua ligação é a primeira da fila, você será atendido, logo que um dos nossos atendentes estiver disponível". Você suspira fundo e a musiquinha toca mais dois minutos e o que acontece? A ligação CAI!

Você respira fundo mais três vezes, para não entrar em anóxia, se acalma para não ser acometido por um acidente vascular cerebral, ou mesmo um infarto fulminante! Depois de tudo controlado. Você liga novamente e passa tudo de novo sem resolver, ou ao menos tentar resolver a sua solicitação.

A PERGUNTA QUE NÃO CALA É A SEGUINTE:

Será que esse pessoal da Bem-Benefícios, não está precisando tirar umas férias lá naquela mesma praia, onde conheci o senhor Sidney dono do bar? Será que não estão precisando fazer um estágio com ele?

Porque vejamos! Estamos tratando de um PLANO DE SAÚDE. Será que irritar o cliente é uma conduta inteligente? Será que o cliente com tanta irritação, tanto ‘stress’, pelo mau atendimento, não terá mais chances de necessitar de um médico, de um hospital? Afinal, um cliente realmente de bem com a vida! Muito dificilmente necessitará de médicos.

Sendo assim, de quem será o maior lucro? Já pensaram nisso?

Se precisarem de reciclagens, avise-me que eu passo o endereço do senhor Sidney, sujeito esperto viu!

Paulo César Coelho

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 25/01/2018
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