COMO EXPLICAR?
 
— Mamãe, cadê o vovô?
— Tá no quarto, Júlia, mas não vai lá que ele ainda está dormindo.
Júlia adora brincar na piscininha montada na varanda, mas comigo sentado numa cadeira  bem pertinho,  para vê-la  “mergulhar” junto com a boneca “Lúcia”, contar o tempo que fica sem respirar sob a água, enfim, fazê-la crer que estou diante  da maior nadadora do mundo. Noutro dia fiquei distraído por um momento,  pensando nas coisas para resolver no dia,  e ela incontinente:
— Vovô! Fica olhando pra mim! Olha eu mergulhar! Interage comigo! (seis aninhos!)
Como a maioria das crianças, Júlia é determinada quando deseja algo. Logo que a mãe se distraiu com afazeres na cozinha,  sorrateiramente escapou para meu quarto, subindo na cama com estardalhaço adequado para me acordar.  Acordado estava, mas com os olhos fechados.
Permaneci assim, na expectativa dela  desistir.
Debalde!
 A função na piscina já havia começado, porém,  sem a tal “interação”,  a farra ficava sem graça,  incompleta. 
Então, Julia começou a mexer-se na cama com vigor,  na esperança de acordar-me, “sem querer”. Nada, continuei “dormindo”... Como último recurso, fez salpicar sobre meu rosto algumas gotas d’ água, ainda nos seus cabelos.
Resmunguei:
— Júlia, eu estou dormindo... Deixa eu dormir...  Por favor...
Deu certo. Saiu do quarto!
— Mãe!
— Hã...
— Ué, como é que pode o vovô dormir acordado?



RAFFERT,
nosso amigo aqui do RL, em sua gentil interação, nos traz uma dessas riquezas infantis:
ao retornar, como acompanhante da avó, de um desses Chá, sua sobrinha respondeu à mãe que lhe perguntara se havia gostado. Resposta: "Não muito. Só tinha criança velha" - Cada um con seu referencial, não é? (rs)