Eu e minha incrível capacidade de contradizer

Desde pequena eu reparo que os adultos vivem muito em casais, mesmo que alguns não sejam óbvios, pois algumas pessoas têm par, mas andam avulsas como solteiras , há casais de todas as formas, de todos as cores, gêneros, etnias, enfim, há casais.

Os casais são criados por causa do amor. Eu estou sempre à espera de entender melhor o que é. Sei que é algo como gostar tanto que dá vontade de grudar. Também sei que isso deve ser de um companheirismo e respeito infinito. Ouço cada vez mais que o paraíso são os outros, que a nossa felicidade depende de alguém. Eu compreendo bem. Compreendo também que na solidão a gente procura encontrar alguém. O resto é tristeza. A tristeza a gente respeita e pula fora. A tristeza a gente respeita e, na primeira oportunidade, pula fora. É como algo descartável. Precisamos usar, mas não é bom ficar guardada. Isso foi uma amostra de meus pensamentos antigos, de quando era pequena. Talvez o meu paraíso seja eu mesma. Vivemos escutando essas músicas brasileiras que nos dizem que é impossível ser feliz sozinho. Ah, Tom, me perdoe, mas a gente precisa da gente pra ser feliz, em primeiro lugar. Precisamos aprender que temos que querer passar o resto de nossas vidas, antes de tudo, com nós mesmos. Se você desacreditou do amor por um instante que seja, saiba que você fez foi desacreditar das pessoas, pois o amor sendo algo abstrato precisa de pessoas para se tornar concreto, então acredite nisso, acredite que as pessoas não prestam, nem todas, mas uma boa parte delas.

Eu vivi isso, vivi uma decepção, mas não com o amor, e sim com uma pessoa. O meu paraíso era ele, mas isso é loucura, eu não posso depositar tantas expectativas numa pessoa só. Estou aprendendo que eu posso (e quero) ser plena sozinha, eu quero ter minha própria luz, uma luz tão intensa e bonita que iluminaria todo o meu ser, fazendo-me assim transbordar, irradiar essa luz por todos os cantos, tanto que chegaria até você, mas não você que me decepcionou, estou me referindo ao outro, o possível ou futuro ‘’você’’, mas isso está longe de ser algo importante para mim. Não preciso ter alguém para suprir algo que eu digo não ter, e sobre a tristeza ,eu já citei, abrace a tristeza, viva a tristeza (mas, por favor, não se apegue, só a deixe vir, depois deixe que vá embora). Eu realmente não estou triste, estou até bem, isso foi graças a um desses possíveis ‘’você’’, espero que não esteja prestes a sofrer uma nova desilusão , pois não quero escrever uma crônica a cada uma que tiver, estaria eu virando uma escritora sobre corações partidos? Ou uma futura roteirista de filmes de comédia romântica de Hollywood? Bom, isso eu não tenho como saber, mas sei que sou nova e que ainda tenho muitas coisas para viver, então estou tranquilíssima. E mesmo se não fosse nova, nunca é tarde para se reinventar e se reencontrar.

Uma coisa é certa, não descarto a hipótese de daqui a oito meses sentar em frente ao computador escrevendo outra história assim, falando da mesma coisa, pois dedico este texto (nem eu sei definir o gênero) a um possível-futuro (-tomara-que-seja-mas-não-tenho-certeza )‘’você’’. Meu amigo, obrigada por me fazer, indiretamente, escrever isso. Meu amigo espero-que-futuro-namorado, mas é amigo. De verdade. Ah, e o paraíso pode ser os outros, sim. Mas temos que ser o nosso também, pois nem sempre teremos os outros. E eu espero tê-lo sempre e pra sempre. De qualquer jeito, em qualquer lugar.

Não sei o que será de nós (meu Deus, eu já estou criando expectativa outra vez), mas saiba que nunca me esquecerei do que fizeste por mim, nem me esquecerei de você, lógico.

Agora me despeço, pois vou ali provavelmente mandar uma mensagem para você e planejar as nossas férias, sim, nossas férias, pois as crianças que teremos nos deixarão exaustos, então eu me adiantei um pouquinho. Ah, eu já ia esquecendo, eu já encomendei seu terno, sim, o terno que usará no nosso casamento, que vale lembrar, é amanhã. Também já programei os horários que ficaremos com nossos netos, sim, teremos netos, pois teremos filhos. Também acabei de perceber que minha missão falhou, sim, isso era pra ser um texto de como não se apegar tão facilmente e que podemos ser plenos sozinhos (vocês podem, eu ainda estou em processo de evolução).