O BONDINHO FANTASMA
O BONDINHO FANTASMA
(Almir Morisson)
Na eleição passada para Prefeito de Belém, lembrei-me de um fato que gerou uma letra de música, até hoje só nas palavras, quando um dos candidatos enaltecendo suas intenções de continuar uma obra do atual prefeito referente à agilização do transporte na cidade contestou que seu adversário, em sua gestão de anos atrás, só havia contribuído, para o transporte coletivo, com um bondinho que mal andou sobre seus trilhos levando apenas uma meia dúzia de passageiros.
Ocorre que há oito anos, quando o tal prefeito perdeu seus oito anos de mandato para o que passou mais oito anos no comando da cidade, de fato, havia deixado um bondinho que circularia pelo centro histórico de Belém, levando turistas e demais saudosistas interessados.
O projeto apesar das boas intenções, não deslanchou, principalmente pelo conflito com os camelôs que disputavam o espaço de suas vendas com os trilhos do bonde até hoje enterrados na João Alfredo.
A bem da verdade, até que o sucessor do malfadado edil tentou implementar o histórico veículo, sem sucesso, não passando, sua vida, de meia dúzia de viagens.
O fato é que nenhum dos dois contendores emplacou a prefeitura em 2013 e, do bondinho, só sobraram os trilhos e a letra da música que, a exemplo do veículo, nem melodia ganhou. Se bem me lembro, apesar dos seus oito anos de idade, a letra era mais ou menos assim:
BELO–CENTRO
(Almir Morisson)
Edil de bela cidade
Arquiteto renomado
Disque tava com saudade
Encasquetou de verdade
De reviver o passado
Cismou que o tal do comércio
Voltasse a ser “lá em baixo”
E que o centro da cidade
Fosse revitalizado.
Como estação de primeira
Tirou lá não sei de onde
O buraco da Palmeira
Pro saudoso e velho bonde
Se o bonde não desse certo
Se o trilho fosse ruim
Tentava bem de repente
Reviver o Zepelim
Se não de fraque e cartola
Ora, ora vejam só
Motorista ia de “fato”
Alcunha de paletó
Abriu concurso ligeiro
Pra seiscentos motorneiros
Pois queria carregar
Um milhão de passageiros
A estúrdia trajetória
Saia da Tito Franco
Entrava na São Jerônimo
Rodava na Independência
Das armas o Igarapé
Quinze de Agosto afora
Finda a linha numa hora
Lá no largo que é da Pólvora
Mas eleição foi perdida
Outro assumiu a cidade
E esse tal de “Belo-Centro”
Ficou mesmo na saudade
O que pesou mesmo para o fracasso da ideia, além do trajeto, inventado na letra com os nomes antigos dos logradouros, foi a passagem pela João Alfredo, rua principal do comércio que, mesmo sem os vendilhões de rua, só ficava sem pedestres aos domingos e feriados.
Tomara que um dia se lembrem e, talvez mudando o percurso, ou deportando os camelôs para um local mais rentável pra eles (duvido), o bondinho possa se tornar realidade...