A Borracheira  Fitness
 
Naquele “Raloim” – usando de toda liberdade e rebeldia de aportuguesamento da palavra referente à celebração All Hallows Eve, que significa Vespera do dia de Todos os Santos¹
, e  fazendo jus à globalização que enfatizou   as comemorações típicas desta época parecia mesmo que a   “bruxa estava solta”.
 
Havia uma vistoria marcada no “DETRAN” para às nove da manhã. Mas antes havia pequenas tarefas a realizar com o carro a ser vistoriado. Quando foi sair com o veículo da garagem percebeu que a luz do farolete estava queimada e a câmera do pneu furada. Tudo na mesma manhã. Chamou o socorro do mecânico para as devidas trocas. Era necessário arrumar o estepe para a vistoria aprovar  a papelada dos acertos burocráticos do carro.
 
Foi-se à   borracharia. O estabelecimento estava fechado. Teve-se que esperar o proprietário. Ele chegou em seu carro instantes depois. Na verdade era uma mulher. A  borracheira apareceu anulando todo o agouro que precedeu este momento de más sortes. Ela estava com roupa própria de academia e foi logo explicando o pequeno atraso: teve que repetir a série dos exercícios de musculação. Seu cabelo, também, estava penteado e com reflexo de luzes. A ida ao salão de beleza  nos dias precedentes era notório: o  cabelo estava impecavelmente arrumado, unhas esmaltadas e leve maquiagem ressaltando os traços femininos. Estava como uma fada pós-moderna: Fitness e Elegante.
 
Os olhos buscaram seu ambiente de trabalho. A  oficina seguia os cuidados pessoais daquela jovem senhora impecável: uma borracharia limpa e varrida, tudo no lugar, a água da banheira, onde se verifica furos e rasgos das câmeras,  encontrava-se transparente de tão limpa.  Era evidente o contraste com as borracharias dos anos 90 que era exclusivo das masculinidades.
 
A trabalhadora, que entrara em um cômodo, reapareceu travestida com macacão de mecânico: limpo e impecável. Mesmo com esta indumentária ela não perdeu sua feminilidade.
 
A  borracheira foi brilhante pela sua calma, educação e eficiência. Tudo  contribuiu  para o serviço sair a tempo. Com limpeza e organização daquela profissional o dia seguiu  tranquilo. Era como se uma fada tivesse balançado a varinha de condão neutralizando tudo que pudesse contribuir para gerar estresse, atraso e azar.  Levou-se  o carro para a vistoria e acertos burocráticos.
 
As mulheres ganham novo destaque e mostram a fortaleza que são. E não a fragilidade com que pensavam e  julgavam os sexistas. Pois fragilidade nem sempre é feminismo.
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 31/10/2017.

¹Ver “Dia das Bruxas” na Wikipédia.
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 01/12/2017
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