Porquês?

Mila sabia que aquilo não daria em nada. Mesmo assim continuou com a força que a movia – era só um desejo reprimido de que sentira. Aquele do qual se perdeu no tempo. Ela queria; estava sendo correspondida, então não enxergou limite nisso tudo. Via obstáculos e tudo aquilo que dizia que não era a coisa certa. Porém, Mila via graça e a alegria do sorriso que seu espelho mostrava!

Mila passou a viver intensamente cada minuto ao lado dele. Cada ligação ou conversa só mostrava o quanto eles estavam conectados e a semelhança no dizer e pensar era como que telepatia!

Mila me contava isso e eu me lembrava...

Houve tempo em que eu acreditava que as pessoas chegavam em nosso caminho para nos mostrar algo. Era um sinal? Eles mostravam o melhor de nós e a descoberta de nós mesmos. Passamos a enxergar de um modo diferente quando nos deixamos, sem amarras viver.

E, houve tempos que cheguei a dizer: poxa, que sorte a minha conhecer essas tantas pessoas legais, verdadeiras. E quando iam embora, eu tinha a certeza de que, algo de bom ficou: era a aprendizagem, a descoberta de nosso eu.

Já se perguntou qual seu limite?

Dia desses, enquanto conversava com Catarina... ela não se cansava de perguntar as coisas. Às, crianças nem enxergam limites quando querem respostas, não é mesmo?!

Percebi, quando ela se conformou com a resposta. Contudo, ela colocava “por que” no próprio discurso.

- Titia, cadê o Papai Noel?

- Ele foi recolher as cartinhas de outras crianças.

- Por que? Ela falava

- Por que tem outras crianças na cidade. Amanhã ele virá pegar a sua cartinha.

- Por que titia? Por que ele não veio hoje?

Ela perguntava aquilo e, toda vez que eu respondia ela procurava outras perguntas.

“Talvez ele tenha viajado, né titia? Ele vem depois.”

No caminho para casa, ela ainda resmungava.

“Papai Noel foi pegar outras cartinhas. Amanhã ele vem.”

Achei que ela tinha entendido e aquela conversa estava em seu fim.

Mas então...

- “Por que, titia?”

Para uma criança de 2 anos, não há limite para a fase dos “porquês”, Por volta dos três e quatro anos de idade a criança desperta para a curiosidade de entender como as coisas acontecem.

Catarina, minha sobrinha tem me mostrado o quanto a vida nos coloca umas peças meio questionadoras, cabe a nossa curiosidade em querer saber e enfrentar – sem esses limites dos quais a gente impõe para muitas coisas, até mesmo na descoberta do nosso Eu.

Muitas vezes as crianças nos questionam repetidamente e emendam um porquê atrás do outro. E a nós, adultos... quem responderá?

Não fique sem resposta! Não perca a capacidade de questionar o sentido das coisas!

Não tenha medo da mudança... não tenha medo do novo...

Elisângela Feitosa
Enviado por Elisângela Feitosa em 23/11/2017
Código do texto: T6180048
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