Folha Sem Galho

De todas as vezes que morri, a primeira coisa que encontrava na minha caminhada era um esqueleto, do pássaro lembro ainda de haver penas, algumas guardei no chapéu, de cavalo lembro ainda de haver cheiro, talvez vermes...

Cadáveres aos ossos, guias das estradas, todas as vezes que morri as encontrava e até o fim elas me levavam enquanto meus pensamentos morriam, enquanto eu morria para uma nova vida, para uma nova cidade, para uma nova tentativa.

É botar o pé na estrada e encontrar a morte, deixar ela pra trás e viver a vida.

Numa dessas saídas acompanhei os urubus, talvez fosse outra ave, tão alto não sei do que se tratava além de ser um ser voante, além de ser um ser que me levasse adiante. Levantei e segui, lembro que a intenção era achar um violeiro que há muito não via e havia visto apenas uma vez, achei!

As vezes o mundo é mágico, basta acreditar na magia, quando a gente desacredita começa a perder e perdendo eu vou morrendo ou vou deixando de ser, deixando de vencer, de acreditar e a morte passa a guiar, a morte é sempre uma nova vida, essa é a esperança da folha perdida, da folha sem galho que na chuva ao chão se acostuma e aduba.

Poeta Pires Pena
Enviado por Poeta Pires Pena em 20/11/2017
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