Maturidade covarde.

Uma criança levada a um parquinho, é capaz de olhar para outra criança qualquer e simplesmente propor: - Vamos brincar? Convite aceito, em 10 ou 15 minutos já estão suadas, sorridentes e amigas.

Adolescentes em uma balada observam por alguns minutos o tipo físico, o traje, a beleza e o comportamento e mesmo não sendo recíproco o interesse são capazes de uma abordagem, caso aceita inicia-se ali um relacionamento e se o cupido flechar... No caminho tudo se ajeita.

Porém, depois dos 40 iniciar um relacionamento não é bem assim. Após decepções, desilusões e até traumas, nossos corações partidos e petrificados têm medo. Nossa mente preza mais pela razão do que pela emoção.

Usando a expressão do historiador Leandro Karnal, "Nossa consciência dos fatos nos torna covardes". Agora para entrarmos em um novo relacionamento analisamos tudo, como se fossemos agentes de uma instituição de crédito ou de um plano de saúde aprovando um novo cliente, onde se um pré-requisito não for atendido o pedido será negado:

- Onde mora e com quem? (se for longe ou morar com pais ou filhos é complicado).

- Possui bens materiais? (garantias em caso de necessidades futuras).

- Independente financeiramente? (se receber ajuda é incompetente).

- Boa formação? (papo inteligente).

- Goza de boa saúde e bons hábitos? (doenças, limitações, ejaculação precoce, menopausa,frigidez, vícios e alimentação serão analisados).

- Lê e viaja com frequência? (se gosta, tem disponibilidade e condições financeiras).

- Como se relaciona com ex. e filhos caso tenha? (intrigas e brigas).

- Boa aparência e comportamento? (circulo familiar e social exigente).

Aprovado?

* "Estes são os pré-requisitos para quem busca conforto e estabilidade em um relacionamento e não amor, confiança, carinho, comprometimento e felicidade".

Claro que ajuda, mas toda conveniência tem seu preço. Talvez muito próximo, esteja uma pessoa sem todos os requisitos acima, mas com brilho no olhar, sorriso e admiração por você, dedicação e fino trato no cuidado e nos detalhes que te agradam. Que preza a honestidade, respeito e principalmente ama estar ao seu lado. Enfim, uma pessoa que quer o seu bem e te ver feliz a todo custo.

Mas a bem da verdade, depois dos 40 ou 50 somos exigentes e queremos uma pessoa com todas as qualidades acima, perfeita! Só esquecemos de olhar no espelho e nos perguntarmos: Somos perfeitos, merecemos, estamos com esta bola toda?

Pois é... Vivemos no século da solidão, o tempo escorre em meio aos dedos feito areia fina e temos medo de tudo e de todos. Qual a escolha certa?

Somos livres, conforto ou felicidade é uma questão de escolha e coragem (ou de um foda-se!). O futuro está em nossas mãos. Concorda?

Boa semana a todos.