FESTA NO INTERIOR

São quatro horas da manhã, o estampido de fogos e o som da banda se espalham no ar. A cidade acorda, é dia de festa!

O tempo vai passando e o sol chega, ilumina e aquecer ainda mais o café preparado na preguiça do fogão a lenha e servido com bolo de milho o pão caseiro. Muitos fieis já confessaram e comungaram, e vão aproveitar a festa até a hora da procissão.

Os donos da festa já organizam o leilão, o povo vai chegando com as mais variadas pendas, de utensílios domésticos a animais, passando por gêneros alimentícios, peças de artesanato, instrumentos musicais, ferramentas, enfim, tudo que possa ser trocado por dinheiro, e usado nas obras da Paróquia. Enquanto isso as senhoras enfeitam o andor do Padroeiro, e outros santos.

As barracas dão o colorido ao entorno da capela fazendo a alegria das crianças, que admiram brinquedos e se lambuzam com maçã do amor, cocadas, algodão doce e outras guloseimas.

Vem a hora do almoço, e o destino é o barracão de festa, onde é servido churrasco, frango frito, leitão assado, muita farofa, empada, pastel, tudo que engorda, além da cerveja para os adultos alguns preferem conhaque outros a cachaça, mas como é dia de festa e os excessos serão perdoados e refrigerante para a garotada.

Perto das três horas da tarde saí a procissão, crianças vestidas de anjo, homens com seus chapéus na mão e senhoras em suas roupas de domingo acompanham o cortejo, após o Padre Nosso e a Ave Maria vem o “Credo”, depois a banda toca seu dobrado.

Final da procissão mais fogos, para muitos é agora que a festa começa, leilão com muita bebida quente para encorajar os arrematadores das prendas. A noite o barracão ferve com o tem o baile e a banda que na madrugada acordou a cidade acompanhou a procissão agora tem a missão de fazer o povo rodopiar com suas valsas, sambas, rancheiras e marchinhas, e levanta poeira.

Aparece outra vez o leiloeiro, sem pratos ou bebidas, mas sim rosas para os casais apaixonados.

Mas o relógio é implacável e cruel, trouxe a madrugada que silencia a musica, esvazia o barracão, deixando a saudade a povoar o imaginário dos que por lá passaram, o galo canta e a vida volta a ser como antes até a próxima festa.

A segunda feira, a semana, o resto do mês, até o outro ano só de recordações, historias e estórias serão contadas nas rodas de amigos em dias de domingo ou por senhoras que conversam debruçadas nas janelas.

A rosa do leilão ganhou um lugar especial no coração da moça que sonha em rever o com seu admirador.

Serafim Arruda
Enviado por Serafim Arruda em 16/10/2017
Reeditado em 17/10/2017
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