À Margem da Cidadania

Tomando um desses ônibus que circulam entre a Avenida Nossa Senhora da Penha e a Praça Oito, em Vitória, sentei-me e logo fui abordada por um garoto de mais ou menos oito anos, que me estendia um cartão.

Ele requisitava uma ajuda de custo para seu pai, cuja verdade não podia avaliar e/ou questionar, pois não conhecia a situação.

Deduzi naquele momento, que por meio de um cartão, existia a propaganda da desgraça humana para a promoção de indivíduos que não têm coragem de enfrentar a vida com garra e determinação.

O que estava escrito ali, não era fruto da realidade diária, pois o aspecto do papel era envelhecido e marcado pela repetição do "jogo" feito de condução em condução no dia-a-dia.

Observe como a coisa é séria, se tomarmos consciência do esquema que pode estar montado por trás de um pequeno e inocente garoto que salta em um ponto qualquer da cidade para contabilizar a coleta feita , sem ao menos ter o compromisso de dizer: muito obrigado!

Qual será o rumo que essa criança tomará na estrada que abriram para ela? Sabe-se, portanto, que propaganda é estratégia de consumo; e quem não tem estrutura para isso, não deve entrar nesse esquema. Dinheiro fácil não traz estabilidade, e conduz à corrupção.

É claro que uma criança não tem "anti-corpus" para se defender de certas irresponsabilidades das pessoas adultas, como também é um ser puro demais para ser desrespeitada com a forma pela qual lhe são impostas determinadas atribuições.

À criança devem ser dados atributos básicos para uma vida digna: alimentação, vida saudável, educação e lazer. É preciso que ela encontre a direção do homem de amanhã, pois é uma flor que desabrocha para a apreciação... e não um estorvo, uma pedra no caminho, trazendo assim, possível desgosto para a família e temor social.

É necessário e urgente, salvar a dignidade desses homens do futuro. Quem tomaria posição nessa defesa, quando o país já está "escoltado" pela ingovernabilidade? Os representantes dessa Pátria, que já não é mais uma "mãe gentil", considerando-se que os descarados, e pulhas representantes, desfalcam os cofres públicos , tirando das famílias o direito à saúde, educação, trabalho e segurança.

Espera-se uma resposta em ação, de modo concreto, e que certamente não virá de nenhum partido político que aí está, esses que figuram a propaganda eleitoral, sem a consciência honrosa de que a política é uma ciência que deve ser voltada à honradez, respeito e valores sociais.

Precisa-se de modo urgente de uma tomada de posição, em que os três poderes se alinhem para a recomposição daquilo que a Constituição Federal estabelece, mudando a história dessa Pátria que já se disse amada, conservando as palmeiras para que cantem os sabiás...

Enfim, bane-se os corruptos ou permaneceremos numa nação em que as novas gerações não terão mais um "berço esplêndido", pois a riqueza desta Terra se glorifica nos Bancos de outros países sediados pelo paraíso dos delinquentes homens, submetidos pelo desvio de caráter!

Creditos: Mariene Cardoso

Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira