A Guerra do Tráfico na Rocinha

Vidigal virou cool desde de 2011, sob o comando e perfil assistencialista de Nem, de lá pra cá não teve mais guerra. Vidigal passou então a subir drasticamente na bolsa de valores, tendo o m² mais caro da zona sul, incluindo pelo privilégio da vista e pela demanda crescente do turismo, trilha morro dois irmão, vista vislumbre de Ipanema Leblon.

Tudo ia bem até a Rocinha entrar em crise, novamente, em guerra.

A lá Rocinha, Vidigal aqui, quieto à parte, fica quem ganhar na Rocinha. Aqui onde moro, por exemplo, há uma trilha estratégica de fuga e eu já tô pensando abrir um cyber café 24h pra galera que anda passando de madrugada, tudo armado. Ontem mesmo passaram uns trinta, segundo eles, tudo do Nem (o bonde do mestre).

Rio:

Aprendi que o Rio é diferente de aceitar a realidade ou não, é estranhamente mais fácil pensar como:

"ou você acaba não crendo no que acontece, ou aceita tranquilamente a naturalidade dos fatos que nem você mesmo consegue crer - e seja feliz numa suposta "harmonia".

Curitiba: Curitiba é legal, é cool, é écológica e tal, mas... Segurança? É para uns poucos. Experimente morar numa zona qualquer menos privilegiada de Curitiba, tipo portão, Boa vista, Campo comprido etc. São em maioria excelentes bairros de classe média, mas, experimente ter um pequeno comércio (e nem precisa ser o de periferia). Segurança? Foi uma sensação que eu nunca senti. Numa só noite eu tive a infeliz sorte de ser assaltado duas vezes; a primeira saindo do centro; a segunda, já no bairro de casa, Portão. No total de estadia em Curitiba foram 5 assaltos. Em nenhum dos encontros os bandidos saíram ganhando graças ao meu dialogo persuasivo contra eles. Tipo, levei os cara na ideia, sabe, mas não aconselho vc fazer o mesmo. Sabe como é, para cada situação você tem que saber o que vai dizer na medida certa pro malandro e, em que tom de voz e firmeza na fala que estas a propor. É, tenho umas quantas histórias cômicas nesse quesito. Fato é que ninguém levou nada de mim.

Mas.... Curitiba, vai por mim ó, você será assaltado a qualquer hora do dia, seja no centro ou no seu bairro, na sua rua ou na porta da sua casa, provavelmente pelo mesmo ladrão de sempre, inclusive o cara que mora na tua rua é mesmo assaltante do próprio bairro. Sem esquecer os que têm comércio, certamente seu comércio será assaltado mais de uma vez pelos mesmos ladrões que, acabam virando frequentadores assíduos, você é só uma vitima sem poder chamar a policia, porque se este ladrão vir a rodar pq chamou policia, o risco de sobrar pra você é todo seu. Veja, você fica refem pq o cara mora no mesmo bairro, ele te assalta e o que você poderá fazer? Nada. Vocês moram no mesmo bairro, ele sabe onde mora mas você nada sabe sobre ele, nesses casos nem o estado pode lhe dar proteção porque o risco do retorno é muito maior. Ou seja, você acaba virando refém do estado, do seu bairro, do seu endereço e do próprio ladrão que te rouba quando bem quiser. É o pior tipo de insegurança que existe. Aprendi, ao longo desses ano de vida, que não é o volume de polícia nas ruas que dará maior segurança, é evidente que só tendo menos bandido para ser ter segurança de fato, e menos bandido na praça quer dizer investimento na educação. Cadê o papel do governo na educação? De modo geral, esquece segurança no Brasil. Precisaríamos zerar a população carcerária de hoje e o crime junto, começar uma nação do zero e quem sabe daqui a uns 100 anos o resultado seria diferente. Possibilidade de melhoria à vista? Não. Quanto tempo de vida você ainda tem? Talvez 30, 40 eu sei lá, isso quer dizer que eu e você vamos morrer num país daqui pra pior. É uma conotação gritante eu sei e não há uma solução milagrosa.

Para as demais Cidades como Rio e São Paulo, bem, acho que sofri zero assalto e, não vejo nenhuma vantagem nisso, com exceção de que as facções não permitem ladrões de bairro ou coisas do tipo. São Paulo e Rio, queira-se admitir ou não, mas quem oferece a quase sensação segurança para o podre é o crime, acontece que a burguesia sempre acaba pagando de uma forma ou de outra; isto é, é a sua empresa assaltada, é o sequestro relâmpago, é o assalto do seu carro com risco de terminar em morte, enfim, é o risco de ter a sua casa invadida, roubada, sua dignidade, física ou emocional, destruída. No geral, não dá pra dizer quem se ferra mais morando Brasil, se é o pobre ou o rico. Aprendi que rico ou pobre somos um só povo sofredor, refém de uma política corrupta e ladrões dispostos a tirar a sua vida.

Pode parecer contraditório quanto é, mas aqui no Rio só se segurança morando em quebrada, e só. Mas ela acaba quando você está fora do seu bairro. O Vidigal é isso, nunca senti tanta segurança como aqui. Agora, importante não confundir segurança com bala perdida, afinal, não é que você e eu, pessoas de bem como nós, vá morrer pelas mãos de um traficante sanguinário, mas quando as facções estão em guerra o melhor é evitar acidentes.