REFLETINDO SOBRE A LIBERDADE NA ESCRITA

Falar sobre liberdade pode ser algo realmente muito difícil, uma vez que vivemos em um mundo que nos limita, que nos restringe com suas regras, obrigações e formas de viver. Nos dizem como devemos ser para termos aceitação, como devemos agir, pensar e até mesmo sentir.

Temos nossa liberdade o tempo todo cerceada e, por mais que queiramos ser éticos e respeitar a liberdade alheia, ficamos em posição de podar a liberdade do outro em muitos aspectos.

Às vezes deixar o outro livre, desapegar-se das pessoas mesmo as amando muito, implica em aprender, inevitavelmente, a sentir a própria solidão. Implica em estar, sem desculpas e desnudos, em contato conosco.

Quando fazemos estes ensaios de libertar o outro que parece ser o nosso apoio, damos de cara com nós mesmos, nos vemos cara a cara e ai vem o desafio maior: primeiro aceitar a nossa companhia, segundo, gostar dela para finalmente triunfar amando estar conosco.

Isso é se bastar! Descobrimos como é magnífica essa sensação de liberdade que nos dá o prazer de estar em nossa própria companhia. E ai, sim, libertamos a todos que nos são tão caros e assim, pegamos o maior troféu... o de conhecer uma pontinha do que é esse sentimento enigmático que todos dizem conhecer: a liberdade!

Quando eu me desconheço, mais chances eu tenho de me deixar escravizar pelo que está fora. Isso porque eu me identifico com esse externo e sou influenciado e liderado por ele.

O autoconhecimento me leva à auto liderança e, consequentemente à liberdade do ser. Já dizia Sócrates, o sábio filósofo:

"Conhece-te a ti mesmo e a verdade vos libertará! "

Mas, se falar de liberdade pode nos levar a muitas reflexões, vamos sair um pouco do macro e nos focar no micro, pensando no nosso estudo sobre a escrita que é uma ferramenta libertadora para todos aqueles que acabam se deixando levar pelas asas da “pena”... aquela que, através dos tempos, mesmo que nem sempre compreendida, tem mostrado aos seres humanos sua receita de liberdade.

A escrita, antes de tudo, é algo que vem de dentro, pois a sua organização, a sua elaboração coesa e coerente, é o reflexo daquele que escreve. Muitas vezes as ideias em uma mente fervilham, como um vulcão prestes a entrar em erupção e é neste momento que começam as dificuldades. Esbarra-se no que se pode ou não se pode escrever, no que é certo ou errado, nas limitações de uma sociedade muitas vezes preconceituosa e crítica.

Podemos observar essa falta de contato com a liberdade quando nos relacionamos com a criação poética. Vemos a grande limitação que temos para pensar e sentir a arte em forma de poemas, quando não conseguimos nos entregar a esta experiência de forma lúdica, sem amarras, sem limites, sem certo ou errado, enfim, sem estarmos encarcerados em todas as crenças limitantes a que fomos submetidos desde que viemos ao mundo.

Então, talvez o mais difícil, mesmo, antes de escrever com correção, seja conseguir produzir ideias, abstrair para em seguida nos sentir livres o suficiente para concretizá-las no papel.

Nesta sociedade na qual convivemos com um sistema que ousa pensar por nós em muitos aspectos, difícil acaba sendo formar ideias próprias sem o receio de estarmos saindo das ideias aceitas pela grande massa. Somos o tempo todo ameaçados de sermos rejeitados e com isso, acabamos acostumando a pensar de acordo com a maioria.

Quando somos chamados a refletir sobre algo, escrever sobre esse algo, muitas vezes nos deparamos com um vazio, com um espaço vago em nossas mentes e isso limita nossa liberdade criadora em todos os aspectos.

Então, o que seria ser livre numa sociedade cativa? Como poderíamos estimular nossos jovens a se libertarem das amarras e darem asas à imaginação? Será que nós, profissionais da educação, sabemos exercer nossa liberdade na escrita para que possamos então ensinar sobre isso? Mas será que somos mesmo livres pensadores?

Liberdade é, antes de tudo, assumir a responsabilidade por si mesmo, por suas próprias ideias, por seu próprio mapa de mundo. Então, para ser livre numa sociedade que é essencialmente cativa, é preciso permitir que a própria mente não seja massa de manobra para mentes manipuladoras, sendo dono da própria consciência, pois a liberdade de expressão é um dos maiores instrumentos que os seres humanos criaram para não se esquecerem que a liberdade é o único caminho que pode levar à evolução e a construção de um novo ser a cada dia.

Por Priscila Koller

18/09/2017

Priscila Koller
Enviado por Priscila Koller em 01/10/2017
Código do texto: T6130425
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