Sensações atmosféricas

As estrelas estavam tão perto, tão ao alcance das minhas mãos...

As nuvens tocavam a ponta dos meus dedos, não havia vento e o ar era rarefeito. Eu não conseguia respirar e também não conseguia cair.

Eu estava flutuando. Apenas isso. Flutuando num patamar que eu e meu corpo não estávamos preparados.

Eu fui abrindo mão de várias coisas ao longo da minha jovem vida.

Abri mão de sentimentos, abri mão de pessoas, abri mão de oportunidades, abri mão de experiências... Abri mão de continuar e ser forte, abri mão de ser um guerreiro. Decisões essas que foram tomadas no auge da minha racionalidade ou na profundeza escura do meu estado emocional.

Nesse último, sempre que tomava decisões através da emoção, meu coração parece ser esmagado entre meus pulmões, com um ar que não sinto ter no peito ou com água de afogamento. Minha cabeça pesava, minhas mãos tremiam enquanto escrevia cartas que, embora assinadas, jamais foram enviadas. Havia um peso nos meus braços e eu não sabia para onde jogar ou como soltar um pouco para descansar sem que me quebrasse a coluna ou prensasse meus dedos...

É verdadeiramente estranho viver mergulhado na solidão, medo e ocasião! Meu coração era uma mina muito rica a qual exploraram tudo, deixaram-na como a Serra Pelada, nua, pobre, quebrada, totalmente alterada, sem vida... Tudo para alimentar a sede de sentimentos e massagem de egos de almas pobres de espírito e com fome de explorar pessoas que pareçam menos.

Todos eles me deixaram escuro, roubaram meu brilho, sem amanhecer, sem dia, só noite... só escuridão... sem lua... sem estrelas...

Agora eu consegui me desprender da minha lastimosa pobreza de sentimentos e emoção, e, aos poucos, comecei a flutuar...

Flutuei alto demais e não sei mais como voltar ou como sobreviver aqui, no céu dos bobos, comendo nuvens e suportando granizo que me deixam com hematomas...

Diego B Fernandes Dutra
Enviado por Diego B Fernandes Dutra em 30/09/2017
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