Será loucura perder-se em Barbacena?

Não esquecerei o olhar de ódio, que Paula Patrícia lançara sobre mim, naquela manhã caótica em que eu me encontrava perdido na BR 265, no município de Barbacena-MG, cidade, que num passado recente fora o local destinado aos loucos. Hoje, uma de suas atrações turísticas é o Museu da Loucura.

Revolta maior tomou conta do meu ser ao ouvir Regina, sem nenhum respeito à minha idade ligeiramente avançada e ao suposto amor que dizi nutrir por mim, aliar-se ao Jorginho, ao Tatá e à irascível Patrícia, chamando-me dos piores adjetivos, tais como: songamonga; velho; gagá, entre outros. Não deveria ter saído de casa naquela manhã de 21 de... em que os astros não se encontravam na confluência do amor.

Tentei me defender, dizendo que a culpa era da Dilma. Argumento geralmente aceito pela manada. Nem assim consegui aplacar a ira de Paula e Ré. Mas a bem da verdade, Jorginho e Tatá apenas zoavam, levando numa boa a situação. Tatá ainda teve a bondade de me dar alguma razão, ao ver a placa indicando a saída para a BR 040, onde combinamos nos encontrar, para seguir rumo a Petrópolis. E só nos encontramos graças a ajuda de um gago, que informara o local exato em que eu me encontrava. Só depois de quase duas horas seguimos ao nosso destino. Tive de ir escutando muitas e maldosas palavras de zoeira pura.

Descobri o quanto a idade nos torna tolerantes e sábios. Estoicamente suportei vociferações e olhares obtusos. Humildemente me desculpei pela transtorno causado. Assim posto, a viagem transcorreu em clima de paz. E zoação.

Contudo, não esquecerei o olhar admoestador de Paula.

J Estanislau Filho


Imagem: Oswaldo Afonso - em exposição no Museu da Loucura, em Barbacena-MG