Paciência

Se tem uma coisa que aprendi na vida é a ter paciência. Sou super zen (o que, muitas vezes, irrita ainda mais os esquentadinhos). Pouquíssimas coisas me deixam irritada. Falo aqui dos fatos cotidianos, que costumam querer testar nossa paciência. Os micro acontecimentos da vida. Porque os macro, como a política, a violência, as injustiças, e tantas outras situações que nos atingem, como um todo, são meio impossíveis de controlar. São intercorrências que nos causam mais que uma simples irritação: causam indignação, raiva, nojo e outros sentimentos piores.

Mas falava eu da arte de ser paciente. Pelo que tenho observado, as pessoas estão se irritando cada vez com mais facilidade. Basta uma coisinha de nada para provocar uma reação imprevisível e desproporcional. É um automóvel que estacionou mal ao lado do seu, é uma pessoa apressada que esbarrou no seu ombro, é o marido que deixou a tampa do sanitário levantada, é a esposa que não comprou algo que foi pedido, é o filho que largou a mochila no sofá... São situações que podem até incomodar, mas que não valem nossa paz de espírito. É possível resolvê-las sem criar-se um campo de batalha, uma discussão inútil que só causa desgaste e rancor. Conversar, em vez de discutir, é sempre uma alternativa mais sábia. Explicar como você se sentiu a respeito do fato vai fazer o outro refletir e, da próxima vez, talvez ele se lembre de agir de modo diferente.

Eu me recordo de que, em certa ocasião, eu estava trabalhando e meu mouse começou a dar sinais de que ia “morrer”. Eu nunca consegui adaptar-me ao touch pad do notebook. Simplesmente não acho prático. E precisava concluir um trabalho. E não tinha outro mouse. E estava começando a ficar irritada. E se tem uma coisa que me irrita é ficar irritada! Parece bobagem, brincadeira, mas não é. É como a autopiedade: tenho horror a ter pena de mim! Quando senti a irritação chegando, comecei a cantarolar... “mousezinho safadinho... lá lá lá lá... Tá querendo me irritar... lá lá lá lá... Mas não vai conseguir não... lá lá lá lá... Sou mais forte que você... lá lá lá lá...” Achei tão idiota a música que comecei a rir. Bom, o mouse morreu definitivamente. Acho que minha musiquinha apressou seu fim. Eu ajeitei-me como pude com o bendito touch pad e terminei meu trabalho, a duras penas. Não foi agradável, mas podia ser pior. Eu podia ter sido acometida daquele mau humor que a gente carrega por horas, descontando em quem não tem nada com isso e prejudicando nossa saúde. Mas só demorei um pouco mais do que o previsto para concluir o que precisava ser concluído. Mesmo porquê, a culpa pelo ocorrido era exclusivamente minha, que não me precavi tendo um mouse de reserva. Ninguém, a não ser eu mesma, deveria sofrer pela minha imprevidência. Questão de bom senso. Aliás, bom humor e bom senso são coisas que faço questão de ter em mim.

É isso. Sinceramente, penso que poucas coisas valem nossa irritação. Obviamente, nem todo dia temos o mesmo controle. Nem todo dia conseguiremos manter o bom humor. Nem toda situação conseguiremos ultrapassar sem nos irritarmos. Mas eu tento. Quando sinto que vou perder a paciência, fico quieta. Prefiro passar por boba ou “banana” a perder a linha. Como cantou o grande filósofo Jair Rodrigues, “deixa que digam, que pensem, que falem...” Afinal, qualquer animal reage, instintivamente. Mas só uma pessoa de bom senso consegue controlar seus instintos.

Meu tempo eu gasto com coisas que valham a pena. Irritação nunca será uma delas.

 
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 26/09/2017
Reeditado em 26/09/2017
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