NOVO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO

O processo de colonização de ontem e o da atualidade no Brasil está destruindo a produção, a consolidação e o aprofundamento de nossa dependência e a fragilidade de nossa democracia, ameaçada pelo golpe da elite endinheirada do país ao se darem conta da ascensão das classes populares, vistas como ameaça aos altos níveis de sua alta acumulação. No golpe iniciado em 2016 estão por os donos do dinheiro, os bilionários que tudo compram para não deixar a esquerda voltar ao poder. O Brasil não se sustenta, autonomamente em pé. Ele jaz, injustamente, “deitado eternamente em berço esplêndido”. A maioria da população é composta de sobreviventes de uma grande tribulação histórica submetida à marginalização. E um pequeno grupo, escandalosamente preconceituoso, detestando a base da pirâmide social, beneficiando desse amargo e diabólico processo.

A Casa grande e a Senzala constituem os algozes teóricos articuladores de toda pirâmide social. A maioria dos moradores da Senzala, entretanto, ainda não descobriu que a opulência da Casa Grande foi construída, com seu trabalho extremamente explorado com seu sangue e com suas vidas absolutamente desgastadas.

Nunca tivemos uma Bastilha que derrubasse os donos seculares do poder e do privilégio e permitisse a emergência de outro sujeito no poder. E quando apareceu o guerreiro com o povo e que foi capaz de começar a moldar a sociedade brasileira de forma que todos pudessem caber nela. As classes abastadas praticaram a conciliação entre elas, enganando o povo. O jogo nunca se mudou, apenas embaralham-se diferentemente as cartas do mesmo e único baralho como o mostrou Marcel Burztyn, O país das alianças, as elites e o continuísmo no Brasil (1990) e mais recentemente por Jessé de Souza: “Atraso das elites: da escravidão até hoje em dia” (2017).

A filósofa Marilena Chauí resumiu esta realidade social muito bem: “A sociedade brasileira é uma sociedade autoritária, sociedade violenta, possui uma economia predatória de recursos humanos e naturais, convivendo com naturalidade com a injustiça, a desigualdade, a ausência de liberdade e com os espantosos índices das várias formas institucionalizadas –formais e informais – de extermínio físico e psíquico e de exclusão social, política e cultural” “500 anos, cultura e política no Brasil, 1993”. O golpe parlamentar, jurídico e mediático de 2016 se insere totalmente nessa farisaica tradição. O que se percebe é que a ordem capitalista se encontra absolutamente hegemônica no cenário de nossa história, sem oposição ou alternativa imediata a ela. Se no ano de 2018 não acontecer a mudança que a base sustentadora da pirâmide quer, estaremos condenados a viver sob um poder hipócrita e sem futuro próximo.

É isso aí!

Acácio Nunes.

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 14/09/2017
Código do texto: T6113980
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