A LAGARTIXA
No início da noite, sentado na minha velha poltrona azul, estava no quarto, de frente à janela aberta, preso a uma lembrança que me atormentava há dias.
Refletia nas malditas ilusões que havia alimentado, de que tudo ia dar certo, contudo isso acabou no dia em que me declarei para aquela garota e levei um fora.
Da janela observava as estrelas que aos poucos surgiam até que reparei na parede, do lado de fora, no quintal, uma lagartixa que escalava solitária o muro quando ela simplesmente parou.
Naquele momento, deixando de lado os problemas, comecei a prestar atenção na lagartixa, que por algum motivo me despertou uma curiosidade.
O que ela fazia ali parada? Será que esperava alguém? Era muito provável que estivesse procurando comida.
Porém, apareceu outra indo ao seu encontro e logo estavam juntas, como se fosse um casal de namorados, enquanto eu olhava atentamente a cena.
De fato, nutria um enorme interesse por elas, até que depois de alguns minutos uma foi embora e logo em seguida a outra também, provavelmente se encontrar com a primeira.
Ainda na minha velha poltrona, comecei a analisar tudo aquilo, sentindo uma grande admiração e ao mesmo tempo inveja daquela lagartixa, porque ao contrário dela eu não tinha ao meu lado a minha “lagartixa”.