O RAPAZ DO PONTO

Ele parou, me olhou e não disse nenhuma palavra.Mas por que diria se nunca havíamos nos visto?

Parecia esperar alguém e, por meu lado, eu esperava o ônibus.

Mas ele me olhava e não que eu estivesse me sentindo incomodada,na verdade, estava curiosa.

De repente o olhar dele se despiu de um tom apenas eventual e começou a me encarar.

E sorriu.

Aí eu sorri de volta.

e prestei mais atenção nele.

Da minha altura,claro, cabelos castanhos com fios brancos se mostrando com impetuosidade ,devo dizer que esse detalhe o tornava mais interessante.

Não costumo avaliar idade de ninguém mas ele não teria menos de 35 anos.

Não se pode dizer que era bonito dentro dos padrões senso comum, mas era bonito pelo modo como me olhava.

Meu ônibus chegou primeiro.

Dei-lhe um sorriso discreto antes de subir no transporte ao que ele fez o mesmo.

Mas ao passar meu passe pela leitora, levantei a vista na direção da parada e ele não mais estava lá.

O trânsito ali é imenso, muitas pessoas descem e sobem todo tempo, outras chegam para encontrar quem as espera.

Voltei a mesma parada outras vezes até porque ela é um ponto bastante comum para mim,mas nunca mais o vi.

Mas guardo na lembrança aquele olhar e aquele sorriso.

Fazem uns dez anos.

Mas é algo que nunca esqueci e agora resolvi expressar e expor.

Talvez par a maioria seja banal mas é desses pequenos momentos que a vida se serve para nos presentear,uma vez ou outra.

Não precisamos necessariamente estar com um par mas precisamos de nossas lembranças.

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NINFEIA G
Enviado por NINFEIA G em 11/09/2017
Reeditado em 16/09/2017
Código do texto: T6111530
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