Às pessoas de asas quebradas

À todas as pessoas que estão com as suas asas quebradas… este texto é tão meu, que é para vocês também.

Quantas vezes a gente se desencontrou dos próprios sonhos, dos próprios objetivos, e até da própria essência, e se achou desgastado, cansado, e até derrotado? Quantos sonhos a gente engavetou ao longo do caminho, e colocou a culpa em Deus? Quantas vezes a gente recalculou a rota, porque a vida bateu tão forte que a gente não pôde suportar o baque de estar, novamente, com a cara no chão? Quantos foram, os amores que não deram certo? Quantas vezes a gente olhou pra alguém e pensou “É desta vez! Agora vai!”, e viu que o “eu te amo”, outrora dito com tanto fervor e verdade, era, na verdade, pura maquiagem de um teatro sentimental, que se desfez, bem na nossa frente? E quantas vezes a gente começou a conhecer alguém, e se permitiu apaixonar por alguém que fez a gente de trouxa? Quantos amigos, eram, na verdade, apenas egoístas conhecidos, e quantos amigos-irmãos, jamais passaram de golpistas, que estavam ali apenas pra sugar a nossa boa vontade e companheirismo, mas jamais para nos dar a sua reciprocidade? E as rasteiras, tomadas no trabalho, a ponto, talvez de nos custar um emprego? E quantas vezes essas feridas doeram tanto, que adoeceram a nossa alma? Não foram poucas, eu garanto. E a gente conclui que a vida, as vezes, machuca mais do que deveria.

Quantas vezes você foi sabotado? Quantas vezes abafaram a tua voz? Quantas vezes disseram que você “não servia” para alguma coisa que, na verdade, você era o encaixe perfeito? Quantas pessoas vieram e arrancaram todas as belas penas que você tinha nas suas asas? E quantas pessoas vieram com martelos, prontas para quebrar as suas asas? E quanto vieram com facas, lhe cortaram e levaram partes de você, e das suas asas, para que elas jamais batessem novamente? Comigo, foram tantas vezes, que na décima quinta vez, me cansei de contar. Quanto engano, e quanta lama, pântanos de areia movediça, minas ansiosas para explodir a gente, enquanto caminhamos pensando que tudo está, finalmente, em paz? A vida bate forte demais, e, de repente, a gente se vê em uns becos escuros da alma, porque disseram pra gente que o nosso lugar é ali. O corpo todo dói, de tanto se contrair de medo. O tremor chega aos ossos, e a respiração se entrecorta. A gente acha que vai morrer, e não morre. Torce para que consiga dormir, mas não dorme. E o choro vem, como um turbilhão desesperado. E a gente acha que o Amor está longe de nós… a gente sempre acha, nesses momentos, que Ele virou as costas.

Mas eu vou te contar o que aconteceu comigo.

Eu já estive nesse beco escuro da minha alma. E, de alguma forma, consegui manter inquebráveis as minhas esperanças. E então, na hora mais escura da noite, no beco mais escuro da minha alma, eu me lembrei de que, no meu espírito, apenas Deus é capaz de tocar. Juntei todas as minhas esperanças, e as trouxe à memória. Então, uma por uma, elas me diziam “nem tudo está perdido, torne-se quem você é”. E acho que, neste ponto, Deus resolveu mostrar que nunca tinha me deixado de lado… Foi aí que o meu espírito gritou tão alto que estourou os tímpanos da minha alma, e quebrou todos os meus muros. Eu peguei o que sobrou das minhas asas, e corri sem olhar para trás. Quando me vi, sabia que estava mais forte do que nunca, então peguei tudo aquilo que era meu, tudo aquilo que haviam tirado de mim, e refiz as minhas asas. Eu me apropriei de mim, por mais estranho que este termo possa parecer. O Amor me salvou de mim, enquanto me fortalecia para que eu mesma me salvasse dos outros. Ainda era noite, mas eu ouvia o céu me chamando. Mirei a primeira constelação que vi, e bati as minhas asas. O chão não é o meu lugar. Nunca foi. Tentaram, cruelmente, me pôr ali, pois no chão, eu não ameaçava ninguém. Mas a ameaça é minha, por natureza, então deixe que aqueles medrosos continuem tremendo enquanto eu voo.

Ninguém tem o direito de pôr no chão, quando o seu lugar é nas nuvens, leitor. Ninguém tem o direito de te oprimir tanto, a ponto de você ir parar no beco mais escuro da tua alma. A vida bate com força no rosto da gente. Mas é tempo de resgatar as suas asas, de trazer à memória as esperanças, e deixar o espírito se fortalecer e gritar como nunca antes. As escamas vão cair dos seus olhos, enquanto O Amor faz nascer uma liberdade nova, incandescente e inflamável dentro de você.

A tua percepção vai nascer. Os muros vão cair. Você vai olhar em volta, e o sorriso vai lhe chegar aos lábios, depois de ter nascido no fundo da tua alma. O resto das asas, são seus. Pegue tudo o que tiraram de você, use a sua essência como linha, e refaça tudo o que estava destruído. Então mire a primeira constelação, e alce voo.

Você é livre. Se não se sente assim ainda, mova-se. E aproveite.

Débora Cervelatti Oliveira
Enviado por Débora Cervelatti Oliveira em 01/09/2017
Código do texto: T6101711
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