Abri meu armário de máscaras, ao acordar esta manhã, e não encontrei nenhuma.
Imaginei que houvesse uma rebelião, uma fuga em massa, e me deixaram sozinha a resolver o meu dia.
Sentia-me nua, vestida das minhas verdades.
Fiquei indecisa entre, voltar à cama, ficar dentro do quarto fazendo uma leitura qualquer, já que envolta nas minhas verdades nenhuma leitura prenderia minha atenção, com certeza. Não havia uma terceira opção.
Sair do meu casulo seria responder questionamentos que levavam a uma só resposta, e eu também me perguntava qual era a resposta exata.
Onde anda seu sorriso?
Porque está triste?
Aconteceu alguma coisa com você?
Como explicar, responder, quando eu também sabia dos meus abismos, mas não do olho da furação?
E ali estava eu...
Procurando a máscara do dia!
Sempre havia uma ali, à mão...
A alegre, a dissimulada, a velada, e todas elas me traziam o conforto de não precisar falar o que me vestia a alma, verdadeiramente!
Agora, estou vestida das minhas verdades.
Vestida de todas as dúvidas que tenho de mim mesma.
Das ilusões e mentiras que vou tecendo...
Onde tenho riso fácil, onde minhas palavras calam fundo no coração de cada um, plantando esperanças, trazendo alentos, falando de amor, não encontra eco no meu próprio interior.
Crio um mundo mais fácil de ser vivido, onde choro escondido, e ostento um sorriso!
E hoje, todas as minhas amigas se foram...
A rebelião das máscaras, pela primeira vez, acredito, tenha sido ação da minha alma cansada.
Cansada de tantas feridas causadas pela sombra, pela falta de luz, que nunca as alcançam, fazendo doença na pele que a reveste.
Estou desabrigada...
Tenho medo da luz que há fora de mim...
Mais fácil é fechar os olhos...
Mais fácil é voltar à cama...
Mais fácil é não sair pra vida...
Mais fácil e correr à caça de outra máscara...
Imaginar, criar, tecer, e vestir!
Mas cheguei até aqui...
A vestimenta que me cobre, é a nudez que me delata, me expõe, e é dura!
Não me poupa das minhas infâmias, como minhas máscaras...
Não me cobre, mesmo quando me dobro, e me rastejo humilhada.
Um processo doído!
Que me ofusque então, toda a claridade, me faça cega para o que há fora, e eu veja o que vai dentro, com toda a clareza, com os olhos da verdade.
Faça-me cega dos olhos humanos.
Traga-me luz aos olhos da alma, e eu tecerei uma vestimenta nova, de cores sutis, que será permanente.
E minha alma nua, sairá à luz novamente!

 Irani Martins
 
 
Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 05/08/2017
Código do texto: T6074943
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.