O Rei que não sabia de nada ou o Rei Temer que não sabia da crise

O Presidente Michel Temer em solo alemão lançou uma frase digna de espanto ao referir-se que não existe crise econômica no Brasil, segundo o site G1 do dia 07/07/17 na página Mundo - Economia: "Não existe crise econômica no Brasil (...) Não, pode levantar os dados e você verá que nós estamos crescendo empregos, estamos crescendo indústria, estamos crescendo agronegócio. Lá não existe crise econômica."

Por mais animadores que os números possam demonstrar, segundo o IBGE a taxa de desocupados passou para 13,3% no trimestre encerrado em Maio e gerou quase 60.000 vagas formais em Abril, ainda assim a prudência é recomendada pois no quadro geral assevera riscos iminentes a nossa combalida economia. A frase de Temer cabe a um país livre de colapsos, lamentavelmente não serve para o Brasil neste momento.

Tamanha parvoíce compreendemos que seja fruto da desesperada tentativa de barrar denúncias contra o seu governo, deste modo ele pode concluir o restante do mandato sem alardes ou com alardes enfraquecidos. Este momento lembra uma estória infantil que li algum tempo, aproximadamente há 22 anos, "O Rei que não sabia de nada" escrita por Ruth Rocha. Aproveitando a oportunidade tratei de traçar um paralelo entre o livro e o momento político o qual vivemos, a fim de procurar semelhanças entre os personagens. Enquanto relato o resumo do livro de Ruth Rocha, entre parênteses realizo o paralelo de algumas figuras centrais da obra e o objeto de nossa crônica.

Existia um Rei no qual era aconselhado pelos seus ministros responsáveis pelo desenvolvimento da cidade, (vamos centralizar o Rei em nossa crônica na figura do atual Presidente da República, Michel Temer e os ministros como a base aliada do governo. Não quero ligar o presidente a um poder autoritário, mas sim ao mandatário do país segundo as Leis oriundas da Constituição Federal, quanto aos ministros vamos associar à base aliada do governo, são elementos primordiais para aprovação de todos os projetos encaminhados pelo Executivo à Câmara e o Senado mesmo diante das contradições de projetos impopulares, porém necessários para o andamento da economia no momento de crise extrema de nosso país) porém os ministros demonstravam que embora tivessem preocupados com a situação, gostariam que os problemas fossem resolvidos sem esforço algum.

Os ministros descobriram uma máquina (a máquina em nossa crônica serão as reformas trabalhistas e a previdenciária. Até o presente momento temos a reforma trabalhista aprovada e pronta para ser aplicada daqui a 4 meses, contendo pontos polêmicos dignos de incomodar setores influentes de nossa sociedade, regulamentando funções das quais a CLT não contemplava originalmente, para não cometermos nenhuma desídia aguardaremos os efeitos positivos e negativos na prática. Assim, podemos corrigir possíveis imperfeições de modo que as Leis sejam eficientes e não contraproducentes ao longo do tempo. Quanto a reforma previdenciária foi eivada pela crise e com a indefinição do futuro político de Temer da votação no Plenário da Câmara Federal em possível abertura de processo no STF, as discussões estão suspensas e segundo o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, as negociações para votação do projeto devem ser retomadas em Agosto) que poderia fazer de tudo e apresentando à máquina ao Rei, o mesmo adorou a idéia.

A máquina passou a fazer tudo na cidade, porém um dia ela parou de funcionar e realizou escolhas erradas (claro que a máquina, ou seja em nossa crônica, as reformas possam proporcionar elementos assertivos do que deletérios. Também não podemos ser ingênuos acreditando apenas nas reformas, como salvadoras da degradação política, econômica e social brasileiras, a muito que fazer neste processo de "ressuscitação", portanto alguns ajustes ao longo do percurso serão apresentados. Basta ao povo verificar atentamente ações generosas à Nação, ao contrário do que hoje comprovamos em pró dos parlamentares, muitos indiciados na Lava Jato) e os ministros omitiram as informações ao Rei que nada perguntava achando tudo uma maravilha, demonstrando sua falta de engajamento à população e mais ao seu poder.(muito parecido com os dias atuais do nosso "Rei")

Chegou finalmente o dia que o Rei visitaria a cidade, os ministros encheram a cidade com cenários para iludir e encobrir os estragos feitos pela máquina, (quantas vezes foram criados artifícios para iludir a situação que vive o país? As reformas são necessárias, porém alguns "cenários" podem enganar até mesmo aos que revestem-se de poder) no entanto, uma criança do lado oposto do cenário jogou a bola e as imagens falsas caíram como peças de dominó. (a figura da criança em nossa crônica é a opinião pública no qual a muito tempo está atenta aos fatos analisando as possibilidades do "jogo" político. Dividi a opinião pública nesta crônica em dois pólos: as redes sociais e os especialistas. A população será analisada em outro momento e desta maneira não será inserida no módulo de opinião pública, embora seja normalmente influente neste módulo. Nas redes sociais, um aglomerado de posicionamentos a favor e contra as reformas, dividindo consideravelmente os comentários, assim como o governo busca explicar com muita dificuldade a necessidade de alteração e aprimoramento dos pontos polêmicos da reforma, a oposição aproveita o descontentamento aliada a dificuldade de argumentação do governo junto a população, arregimentando celebridades contrárias a este modelo das reformas reforçando o "cabo de guerra", arrefecendo os argumentos da base aliada sobre os benefícios oriundos das reformas. A mesma divergência atinge os especialistas sobre as reformas, alguns salientam práticas de precarização e possíveis violações de empresas que não adotam a CLT, porém alguns concordam que a flexibilização nas relações de trabalho podem favorecer ambas as partes a chegarem a um denominador comum)

Assustado, o Rei saiu correndo e a coroa, o cetro, o manto foram perdendo-se pelo caminho, (quantos políticos perdem sua dignidade, os "vestais de honradez" na caminhada da política ao ser descobertas suas imundícies?) chegou a um local distante onde a população reclamava que o Rei não os escutava.(a população em nossa crônica é o povo brasileiro, tão desconhecido para a maioria dos políticos mas necessários em ano eleitoral. Estes seres precisam ser ouvidos constantemente, já que são dotados de extrema sabedoria e serão aqueles cujos efeitos da reforma atingirão com intensidade. Quando o povo sente não ser ouvido, muralhas ruirão tal qual a estória de Jericó, o povo saberá agir na hora certa, no momento exato e os políticos entenderão ouvir a "voz das ruas") Desta forma, o Rei assumiu ser quem era e pôs-se a ouvir as idéias da população, ele decide demitir os ministros e acatar as sugestões da população.(Quem dera o exemplo do livro ser realizado na vida real ?)

Para concluir a volta de Temer ao Brasil um dia antes de terminar a Conferência justifica-se, assim como ocorreu na ocasião, para comandar pessoalmente as negociações de barrar as denúncias contra ele na Câmara. Diante destas circunstâncias, o melhor a fazer é segurar-se no posto de Presidente antes que algum fato consistente altere os rumos da Nação, o primeiro tempo foi conquistado pelo governo na votação da CCJ que rejeitou a denúncia por 40 votos contra 25. Agora em Agosto, o segundo tempo será no Plenário da Câmara no qual serão necessários 342 votos para abertura ou não do processo no STF.

A sorte está lançada para ambos os lados, governo e oposição, os parlamentares estão com a palavra.

Nota do autor: A votação no Plenário da Câmara foi de 264 votos favoráveis para o arquivamento do processo e 227 votos contrários ao arquivamento, mais 19 deputados ausentes e 02 abstenções. Portanto, o segundo tempo desta partida foi vencida pelos governistas. Hoje Michel Temer não é mais presidente da república devido ao encerramento de seu mandato.

Luis Profeta
Enviado por Luis Profeta em 01/08/2017
Reeditado em 24/12/2019
Código do texto: T6070749
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