UMA NOVA CHANCE

Em cada dia há uma nova chance de recomeçar, de fazer diferente, de demonstrar quem em cada um existe muito mais por descobrir e riquezas interiores ainda insondáveis. Com esse entendimento, igualmente, é possível refletir que todos nós temos, no transcorrer da bússola inexorável do tempo, momentos infalíveis de altas e outros momentos de desfalque ou de baixas potências para o agir. Será que já paramos para pensar que em certas ocasiões estamos totalmente motivados, inteiramente atentos, idealmente energizados para absorver e produzir tudo o que de melhor for? Já em outros instantes, estamos com olhar cabisbaixo, pensamento ao longe, mente vaga e corpo arqueado. Nessa hora de curvatura corporal parece que estamos fora de nós mesmos, mas com o espírito no passado ou no amanhã. A verdade é que realmente do acordar pela manhã até o alto do nosso dia, passamos por um processo de gradação e ativação até atingirmos o ápice da potência e estarmos totalmente “ligados” para bem absorver e expressar tudo o que temos e somos.

Relevante é estarmos conscientes dessas etapas as quais vivenciamos não somente em um espaço de vinte e quatro horas, mas também isso faz parte de nós por todo o transpassar da vida em nossos setores pessoais e profissionais. Todavia somente a consciência dessa ideia não nos basta, é indispensável ainda estarmos sensíveis a essas mudanças de humor, de sensações, de vontades e desejos para podermos trabalhar a mente e corpo perante aqueles momentos que não estamos em si ou a contrário quando estamos muito “donos de si”. As duas formas de sensação, mesmo paradoxais e já por completas também podem acometer alguns de forma que, aqueles quando estão em sua total potência de agir, pode também não sentir a necessidade de estarem para o outro. Eles podem compreender que somente se bastam que são, então, os donos da verdade, que incorporaram o “mestre dos magos” e por isso não estão atentos e solidários para com os outros. Consequentemente tornam-se tão autossuficientes e realmente parece que se autossatisfazem a si mesmos. E como isso pode ser infeliz! Isso pode se dar em uma perda irreparável, pois se estamos nesse estágio, tudo ocorre ao nosso redor e não intuímos o que há. A pessoa pode se tornar mesquinha, arrogante, individualista de modo a não enxergar ninguém à sua frente, mas simplesmente o seu espelho, como a um Narciso do embelezamento absoluto.

De outro modo também é importante que a pessoa se encontre em momentos de baixa, em situações em que ela perceba que nada é conquistado sem o apoio de outros que estão próximos. É nessa hora que ela se pergunta – onde estão os que me amam? Porque não estão comigo agora? O que aconteceu? Na verdade todos estiveram lá sempre. Mas chegou o tempo em que, aquela com sua autossuficiência, não mais ofereceu abertura para que os outros pudessem participar de sua vida e ela pudesse usufruir dessa aproximação, desse carinho, dessa interação com seus familiares e amigos. E na verdade podemos compreender que ainda que não seja um período de felicidade e que muitos de nós tentamos, a todo vapor, evitar chegar ao fundo do poço, essa fase também é de aprendizado, pois é aí que muitas pessoas realmente param, assentam um hiato em sua vida para poder evoluir espiritualmente e se sensibilizar que precisamos um do outro, independentemente de qualquer situação de vivência pessoal. Vale dizer ainda que diversos estudiosos nos afirmam que o ser humano torna-se um ser melhor a partir da dor, do sofrimento, a partir do sentimento de uma perda, pois quando ele está no auge da sua vitória. E por isso, o líder indiano, Mahatma Gandhi nos instrui que “a alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”.

Ademais não é novidade a nenhum de nós - que temos um pouco de vivência, que estrada vital não é linear. Percebemos que por mais que tentemos manter essa linearidade, o ser humano não se permite viver na rotina, não consegue manter uma ideia de inércia, de inação, do princípio ao fim. Ele é dativo e astuto, é prospecto e por muitas vezes é proativo para aperfeiçoar o seu ambiente, para poder experimentar novas sensações e aprimorar o que está ao seu alcance. Outrossim, é que temos que nos apoderar dessa vontade, desse desejo de posse e não fazer como aqueles que lutam para ter, e quando conquistam não apreciam o que se tem e, sem consideração alguma com o que foi conquistado, partem para uma nova conquista, juntam tesouros sem saber o que fazer com eles e também não conhecem o valor de tudo aquilo que se tem. Parece somente que todo esse tesouro é quinquilharia, é velharia, juntando poeira no canto da casa. Não é razoável também batalharmos, e quando do triunfo, somente colocar aquilo que é objeto de desejo em uma redoma como se somente fosse o maior valor do mundo. Há que se ter o desejo, há que se valorizar o que se tem, mas também há que se estimar a cada um não porque é objeto de desejo, mas porque é um ser humano em potencial, porque tudo que há nesse mundo são obras divinas, são obras humanas e que foram feitas para o bem viver, bem compartilhar entre todos e inegavelmente para facilitar a convivência. O que deve valer é como interpretamos, como enxergamos o que está a nossa volta e como faremos para manter a chama acesa do respeito e da reverência àquilo que a nós é próximo.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 23/07/2017
Código do texto: T6062373
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