O MELHOR DA VIDA

E desde que nos conscientizamos da nossa existência, quando ainda pequenos, crianças ingênuas, ainda sem a espada da maldade humana, percebemos através dos nossos mentores, que a nossa inserção nos meios sociais também depende do grau de instrução que cada um vai conquistando ao longo do caminho e dos estágios do tempo. Bem, lá pelos dois três anos de idade, talvez um pouco mais tarde, pelos cinco anos, o seu pai ou sua mãe lhe propõem a conhecer um mundo totalmente novo – o ambiente escolar. E para lhe incentivar, com as histórias da estimada mãe, de que lá você vai conhecer amiguinhos, vai ter uma professora, vai poder brincar com eles e até aprender coisas novas. Ah! Então nos fantasiamos com tantas novidades vindouras! E a ansiedade sobre tudo isso não cabe em nós até que chega hora e você vai conhecer o seu “berço do saber”. Então todos lhe recebem muito bem, com ornamentações, música festa, doce... parece muito melhor do que mãe falou!!! Será??

Mas chega o fim do ano e a professora traz um nova ideia, de que a partir de agora todos deverão continuar no caminho do aprendizado e irão para um nova fase. Conhecerão e se alegrarão com o primeiro ano do ensino fundamental. Nossa, parece fabuloso! Uma nova sala, outro professor, novos coleguinhas e ainda novos aprendizados. Ao que se entende, um mundo inédito irá se abrir com muitas possibilidades diferentes e boas! E então compreendemos que agora estaremos em um paraíso, chegaremos ao ápice do melhor da vida. Lá vamos nós para um empreendimento de sucesso! Por conseguinte o tempo vai passando e, agora sim! Os pais e professores estão muito satisfeitos com você, porque você vivenciou o primeiro, o segundo, o terceiro, quarto e quinto anos e, portanto agora você vai para o sexto ano do ensino fundamental. Oh! Agora sim, você já conhece muita gente, professores, disciplinas diversas como português, matemática, história, geografia, uma nova escola com tudo em alta tecnologia. Meu Deus! Nossa! Chegamos ao céu! As portas do mundo encantado se abriram para nós e não saberemos se vamos querer sair!

Contudo, mais um final de ano chegou e vamos nos formar no ensino fundamental. Todos estudaram e passaram em todas as matérias. Estão todos muito alegres e bem preparados para conquistar o planeta ao seu redor. E eis que na formatura o diretor em discursos nos diz: “vocês agora irão para o ensino médio. Lá sim a vida toma rumo diferenciado! Há um leque de opções para podermos escolher como seremos daqui pra frente. Agora você irá compreender que tudo o que viveu e o que venceu, serviu de valiosa experiência para chegar até aqui neste nível de conhecimento e sabedoria. Nesta etapa você está preparado para a vitória e também para enfrentar os reveses que lhe acometerem. Aqueles que tiverem ouvidos para ouvir, ouvirão a mais bela música; aqueles que puderem enxergar, perceberão que as luzes de um universo ainda mais belo está porvir. Basta agora ter a sensibilidade e perspicácia dos sábios para angariar todo o tipo de oportunidades extraordinárias que se apresentarão”.

E passa o tempo, e é chegada a formatura do ensino médio, muita alegria, beca, festa, muita gente e tudo agora parece estupendo. Não há palavras para descrever o que cada um está sentindo neste momento que se reparte com toda a família e amigos. As gargalhadas, os abraços se confundem e se dividem com os fogos de artifícios, com as girândolas que anunciam o triunfo de toda uma estrada percorrida. E eis que o paraninfo dos formandos se propõe a falar e anuncia que agora sim! Mais do que nunca todos estão totalmente preparados para desbravar um maravilhoso mundo, no ensino superior! Uma nova magia irá surgir e todos agora estarão em um poço de felicidade sem fim. Pois a época mais esperada chegou! O universo se abriu, as verdades se evidenciaram e não há mais o que temer! Um céu fantástico está a caminho e não haverá mais o que temer (...) A vida parece mesmo assim! Não é? Vivemos numa eterna espera de que tudo será melhor! De que aqui e o agora será “demais” E quando estamos lá, temos a nítida certeza de que haverá muito mais a percorrer. Esse é “Eros” um dos tipos de amores preceituado pelo filósofo e matemático, da Grécia Antiga, Platão – o sentimento do desejo que parece nunca ter fim. Que enquanto esperamos e ainda não o temos, alimentamos ilusões, alegrias desvairadas e sensações extraordinárias. No entanto quando conquistamos o objeto de desejo, que por exemplo, pode ter sido admirado, por meses na vitrine de uma loja, alguns de nós o usamos por uma ou duas vezes e o colocamos em um baú fechado que ficará esquecido, talvez por muito tempo. E recomeça mais uma vez a busca, a procura, o insondável anseio que não se acaba, que só se alimenta do que está distante, daquilo que não temos a posse, mas quando o desfrutamos, o amor acaba, a vontade se esvai, as ondas do vento que havia em nosso interior se acalmam até a chegada de um novo vento, de uma nova tempestade que irá nos fervilhar. Mas até quando? Estaremos preparados para o novo estágio?

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 23/07/2017
Código do texto: T6062372
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