Corpo e Festa

Rascunhei uma maltraçada e não sei onde botei. Pocurei, procurei e não achei, deve estar muito bem guardada ou escondida. Que fazer? Buscar novo assunto, mas de repente deu branco, quando já ia desistindo me deparei com o caderno de frases, todo se desmanchando, mas ainda servindo paca. Abri a esmo e me deparei com uma frase arretada de Eduardo Galeano: "O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crera religião. O corpo é uma festa".

Nada mais correto. Uma verdade abissal. Nem máquina e nem culpa, apenas festa. Uma grande festa, uma festa de arromba. Mas uma festa sujeita a certos limites, caso contrário termina logo no início, antes do tempo determinado.

Acho um absurdo que muitas pessoas cuidem mais da saúde do carro ou da casa, além de outras bugigangas o que do corpo, assim como ´também outro absurdo algumas religiões aconselharem as pessoas a privarem o corpo de certos prazeres e até de certas funções sob a alegativa ridícua, anacrônica e fascista de que certos prazeres e funções são pecados.

É claro que o corpo envelhece, perde o vigor, definha, isso é absolutamente normal porque afesta da vida não é eterna, mas finita, mas enquanto dura é uma festa maravilhosa.

Acho que nunca ninguém definiu tão bem a festa do corpo quanto Galeano com uma simples frase. Ele só faltou, no meu entender, acrescentar que o corpo é uma festa que só funciona acompanhado da alma.

Consegui fazer a maltraçada, fraquinha-fraquinha, admito, mas fim de noite é fim de noite, o corpo cansa de tanta festa. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/07/2017
Código do texto: T6062079
Classificação de conteúdo: seguro