Quando eu escrevo, eu estou calado

Ao que tudo indica, eu escrevo crônicas. Quem disse isso foi a minha professora de português/literatura do ensino médio. Ela perguntou seu eu sabia desse fato, no susto disse que sim, estava diante da minha mestra, não podia falhar, mas na verdade nunca tive certeza de nada. Talvez a crônica também comporte a metalinguagem, então serei um cronista desinteressante, ocupado demais em se achar incrível. Mas não é assim. Escrevo porque sinto vontade, muito provável que não faça ideia do que estou a fazer, bem como quando preciso escolher dois sabores de sorvete que casem bem, ou faculdade em que cursar.

Vagam, por todos os lados, rostos e sorrisos cheios de certeza que talvez os olhos não acompanhem. Seria possível ter certeza de alguma coisa? Mas os homens possuem fé e o calvário aguarda por todos nós. Diante tantas divergências, calhou da escrita ser o elo perdido entre o meu ser e qualquer coisa que possa existir. E se for o nada, serei então alguém a despencar, gritando desesperado por ajuda ou apenas se conformando com a queda.

Quando eu escrevo, eu estou calado.