Só Lembranças
Alexandre ď Oliveira
 
... Eu já andei muito por este mundo. Naveguei mediante oceanos, já enfrentei tempo muito ruim. Mar Crespo, totalmente encapelado, já naveguei pelo mar morto, mar Egeu. Mar vermelho e Báltico. Já vi gente de todo tipo. Eu já conversei com pessoas que de certo modo gostaram de conversar comigo. Eu já consegui conversar por horas a fios com pessoas que nada eu entendia o que eles diziam em seus idiomas.
 
É, verdade.  Você acha difícil isto acontecer. Pois é. Então, ouça o que fala o coração.  Coração, é de certa forma tudo igual, mesmo tendo aqueles que batem firme, daqueles que nele você confia, acredita. Daqueles que você acredita que seja muito bom e benevolente, e que tem destreza parra ouvir pessoas.
 
Falar é o de menos, a gente usa uma ou duas palavras no idioma, e o restante e só gesticular, é só expressão corporal. Tanto que hoje, já não me vejo com tanta bola. A bola anda meio murcha. Pouco eu uso, mas funciona.  Quando garoto, era namorador, e pasme , às santinhas de plantão quando eu não ás procurava , elas enviavam recados, passavam  bilhetes. Na época, não tinha tanta facilidade como os de dias atuais. Mas lembro bem o número de vezes que recebi suas cartas.
 
Sem conversa nenhuma, eu de cara fiquei noivo de uma rapariga que até hoje lembro bem o nome dela. Recordo, até o caminho quando eu saia do meu trabalho e ia para sua casa, isto num passado remoto daqueles que vão e não voltam mais, só fica mesmo nas nossas lembranças.
 
Se, eu não lembro?... Imagina. Claro que me lembro da primeira vez que subi no coqueiro para tirar coco, ou se não lembro, daquela fonte de água cristalina, que bebi. Eu lembro sim. E com todos seus detalhes. Eu lembro sim, da primeira trepada. A gente lembra o primeiro beijo, o primeiro amor, das nossas canções,
 
Lembro-me de tudo de bom que aconteceu nesta minha vida. Eu só não lembro o que eu não quero lembrar. Só lembranças, só lembranças, e nada mais.

João Pessoa 03 07 201