FORA TEMER! FICA TEMER! COMO FICO?

Até que me convençam do contrário estou com o voto do Gilmar Mendes. No fritar dos ovos o que interessa é a batata frita estar sequinha. Se o Temer estivesse dado continuidade às bandalheiras de sua antecessora, sim, seria o caso de cassá-lo junto à chapa. Mas ele arremeteu dentro dos padrões que se esperava de "alguém". E esse "alguém" era ele por direito, como vice. Copiando e colando o Gilmar: "Não é algum fricote processualístico que se quer proteger. Não, é a questão do equilíbrio do mandato. Não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira". Cassar o Temer agora seria gerar uma instabilidade maior do que a que estamos passando e dar um tiro no escuro. Isto a quem interessaria? Naturalmente à esquerda, e por incrível que pareça, os "esclarecidos" coxinhas estavam caindo nessa...

Em que pese o teatro que assistimos com pavonices desfilando na vitrine, o bom senso ou a sorte superou-se à lei, uma anomalia, que faz a lei tantas vezes rasgada, colocar em pauta a necessidade de uma reforma constitucional.

O comandante do cargueiro que transportava joias aproveitou e surrupiou algumas joias colocando-as em sua mala. O agente federal que acompanhava o transporte viu e lhe deu voz de prisão, falando para o co-piloto assumir a viagem. Logo a seguir o agente verifica que o co-piloto também surrupiara algumas peças da carga. Mas se o prendesse, quem pilotaria a aeronave? Resolveu então não dizer nada. Agiu mal? Agiu contra a lei? Por certo sim, mas salvaguardou a si, a tripulação e a carga garantido o pouso com segurança. E ficou pensando, se o comandante e o co-piloto estavam surrupiando, talvez a tripulação toda estivesse. Ficou quietinho da silva e passou um "Whatsapp" para solicitar aos seus superiores uma revista total em terra. Agiu errado? Sim, infringiu uma regra básica de segurança, estando em modo avião não deveria passar o "zapzap"... E se os seus superiores, ao melhor estilo de filmes de ação, também estivem envolvidos?

Atenção, brasileiros, sorriam... retomem aos seus "scripts"! Atenção, câmera... Ação!

Publiquei o texto acima no Face e recebi muitas manifestações contrárias e todas, sem exceção, de amigos que considero cidadãos de bem. Respondi que, infelizmente, não faço de minhas palavras ponto passivo e nem me alegro, olho sob outra ótica, e ressalto o infelizmente, pois queria que não fosse assim. Não será com estes juízes que as leis serão cumpridas. Falta caráter, honestidade e competência para o que se espera de uma que era para ser alta e ilibada corte para aplicar a tolerância zero, que seria o esperado. O placar já era sabido, e a competência e discernimento do relator não iria fazer a diferença a não ser prolongar a exposição do teatro. Independente do circo e do resultado parece que o Universo apiedou-se de nós, conspirando mais uma vez e fornecendo-nos mais um prazo. Podemos chamar, se não for exagero ou equívoco de minha parte, de sorte. Entendamos esta "sorte" como uma extensão de tempo, um prazo relativo, para uma transição rápida e inteligente de uma má e corrupta gestão para outra que seja honesta, eficaz e definitiva, e que porventura ou quiçá nos aprouver. Estamos em pane e temos que garantir o pouso com segurança, para isso é fundamental a atitude e o tempo. E, nessa tramoia e emaranhado do cenário, na falta de precisar essa atitude, visualizar a clareira e dimensionar o tempo para a manobra, "parece-me" que a conspiração do Universo resolveu nos brindar com o que não era para a gente contar: a sorte!, que prefiro chamar de tolerância estendida. Caso não fosse isso talvez entrássemos em pânico, parafuso quadrado, cisalhamento e outras maledicências da bruxa. Talvez... No mais, a não ser neste ganho de tempo. E que a justiça tarde (não muito agora) mas que, em definitivo, não falhe! Ou deixamos o pirata que tem experiência nos guiar ou nos amotinamos, jogamos o pirata ao mar e colocamos um marujo aventureiro no seu lugar. Na hora certa e no porto certo, em segurança, daí sim podemos pedir a punição do capitão e sua substituição.

Armand de Saint Igarapery - textos no Face e no Recanto das Letras