ASSIM NASCEM MEUS TEXTOS
Quando me proponho a escrever um conto ou uma crônica, arte na qual não passo de mero aprendiz, parto de um pensamento, de alguma frase que ouço por aí, de uma história real, de um sonho, faço um pequeno esboço numa folha de papel e deixo. Muitos estão assim, há muito,
dormitando. De repente, sem mais nem porquê, um deles desperta e me chama. Então, pego o notebook e vou escrevendo. As palavras fluem, nem sempre com naturalidade, nem sempre claras, mas vão se transformando, ganhando vida, até que o texto de fato nasça, porém, ainda, incompleto, porque só na interação com o leitor ele se completa, ganha sentido.
Por outro lado, se o objetivo for um poema, ainda que o tema seja palpitante, mesmo que me demore um dia inteiro no computador, insistindo, nada sai, que valha a pena. Não sou poeta.
Os singelos poemas, que raramente escrevo, não são meus, posto que me surgem na cabeça, de repente, ficam martelando insistentemente e enquanto não os transformo em palavras escritas, não me deixam em paz. No caso de essas visitas serem noturnas, tiram-me da cama, para que os liberte. Eu os atendo, às vezes contra a vontade, pois se assim não o fizer, não voltarei a dormir aquele resto de noite. Eles não deixam.
Não entendo muito bem como isso acontece; acredito, todavia, que sejam conteúdos trapalhões do inconsciente, os quais, em suas traquinagens se perdem pelos labirintos dessas regiões obscuras da mente e como não encontram o caminho de volta, acabam aportando, involuntariamente, na consciência, em forma de poema. Então, eu lhes concedo a liberdade e eles partem, sem rumo, desajeitados, vida afora.