Mudar é necessário.

Poucas vezes na vida tive a capacidade de mudar. E eu não estou falando só daquelas mudanças radicais. Falo das situações mais simples como a escolha de um novo cardápio no restaurante de sempre, por exemplo.

Por isso, mesmo que eu esteja feliz por adorar novidades (meio contraditória, hem?), a mudança me assusta de um jeito gigantesco.

Há quase 1 ano, tomei uma das decisões mais sérias da minha vida: sair da casa dos meus pais. Tem gente que anseia por isso, que sonha com esse dia, que acha que vai ser o máximo. E sabem de uma coisa? É mesmo! Mas não assim, de cara. Até que você ache incrível a independência, você vai precisar achar horrível e considerar o fim do mundo. Vai ter muito choro, vai ter solidão, a noite vai ser mais longa, vai ter medo, mais choro e, aos poucos, as coisas vão ficando mais claras e menos assustadoras.

Eu, particularmente, chorei durante 10 dias. Sentia falta de ter minha mãe pra contar sobre como foi o trabalho, de ter meu pai para me dar conselhos nas besteiras diárias. Sentia falta do beijo de boa noite que eu ainda ganhava todas as noites, mesmo tendo 20 anos.

Mas aí, a gente se acostuma. Sabe aquela história de que a gente se acostuma com tudo? É verdade. A gente se acostuma a perceber que se não colocarmos o celular para despertar, não vai ter ninguém pra nos acordar. E aprendemos que o café não se faz sozinho. O almoço também não. A casa não se arruma sozinha e o banheiro também não. Chega uma hora que você percebe que as comidas do armário acabam e que as contas chegam sempre, sem atrasar, no final do mês.

É tão ruim assim? Como eu falei no começo: É.

Mas depois que as coisas tomam forma, que o desespero passa e que a gente começa a se organizar, a situação se inverte de uma maneira incrível: a solidão vira privacidade, independência.

Amadureci muito nesses últimos meses. Virei uma professora melhor, uma amiga melhor, uma filha melhor.

Vi minha vida mudar completamente, do mais simples ao mais extremo ... e só tenho a agradecer.

Hoje, quase 365 dias depois, eu estou me mudando. Dando adeus a um apartamento de 4 cômodos e passando para uma casa de 10.

Estou super feliz, terei uma casa inteira para decorar (depois de um ano, o DIY virou um hobbie), mas nunca pensei que sair de onde estou seria tão difícil.

O meu 206 deixou muitas marcas. Nele vivi momentos incríveis, únicos e loucos. Deixo pra trás um ano de amadurecimento num local que presenciou muitas situações: das mais inusitadas às mais tristes.

Esse lugar que me viu criar um cachorro, fazer uma tatuagem, amar e odiar. Um lugar que me viu beber pra comemorar, para chorar ou para me inspirar.

A semana findará com uma mudança que, mesmo me doendo, me deixa feliz e ansiosa. Eu conto os dias e me despeço de um dos melhores lugares que conheci e que ganha de qualquer hotel à beira de qualquer praia desse mundo: o meu primeiro lar.