Aqui jaz uma amizade

E então? Foi bom me usar?

Relação abusiva, me manteve prisioneiro até não dar mais. Eu não sou diversão para abandonados!

Você estava no tédio, sua vida era pacata e mesquinha. Eu te mostrei a cidade e dei asas ao Diabo Manipulador que você naturalmente é.

Agora, você se esquece que eu te dei de comer – aos seus demônios – e que te ensinei tudo o que você sabe. Eu ainda sou teu mestre e você se esquece disso toda vez que pensa contra mim e me trai. Eu estive no controle e ele permanece sendo meu. Você não vai ser como eu.

Nunca.

Ouvi meus demônios me chamar para conversar.

Eles me disseram que eu estava criando uma cobra debaixo do abrigo do meu coração escuro. Eu acreditei, mas não liguei.

O dia amanheceu e as vozes deles ainda ecoam em minha mente... TRAIÇÃO!

Você mentiu para mim, disse coisas que não deviam.

Eles me chamaram de novo para conversar.

Eles me disseram que eu treinava a cobra. Mas, não liguei.

Traístes minha confiança. Não se importastes com os meus desejos. Não lembrastes do meu querer. Mas eu te dei tudo. E você não soube ser melhor que eu.

Os demônios me chamaram novamente para aquele lugar escuro da noite para conversar.

Eles me disseram que eu tomasse mais cuidado. Mas eu cuidava dela.

Eu não sabia que o cuidado referido ela sobre mim mesmo.

E eles me disseram: procura outro campo, colhe outra espécie, agora de uma flor venenosa.

Eles me convidaram a sair. A sair da minha vida com ela, deixar que ela rasteje pelo pó da terra que eu piso.

Ela fugiu com outro. E eu chorei. Chorei porque eu estava feliz: estava criando alguém pior que eu.

Mas eu furei um dos olhos dela e gritei: sua falsidade é ingênua. Aprenda a ser uma filha da puta!

Eu pus ela a prova. Ela se deu bem.

Mas não muito boa. – Eu sei que ela não é muito boa.

Você foi burra pra caralho, caralho! Nem pra ficar com um melhor...

Quarta, os demônios me chamaram novamente.

Eles não falaram nada. Só me olhavam.

Eu sabia o que aquilo significava.

Na sexta à noite, eu a prendi. Tirei veneno da sua boca com um selinho, apliquei os ensinamentos.

A adverti uma última vez.

Soltei-a aos campos do pecado e ao amanhecer, sentei ao seu lado. Eu disse: seja melhor que isso, garota.

Quando a alvorada surgiu, clareando Gaya. Eu me levantei com um suspiro forte e fui embora, enquanto o veneno consumia seu outro olho e seu corpo pútrido.

Meus demônios me abraçaram e eu segui para o meu castelo. Feliz para sempre!

Diego B Fernandes Dutra
Enviado por Diego B Fernandes Dutra em 14/05/2017
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