OS TEMPOS SÃO OUTROS

Não sei se foi a gente que ficou velho ou se foram os mais velhos que ficaram mais “descolados”.

Não sei se foi a gente que amadureceu ou se foram os mais velhos que ficaram mais bobalhões.

Também não sei se foi a gente que teve as responsabilidades aumentadas gradativamente ou se foram os mais velhos que hoje, depois de alguns árduos anos de vida, podem se dar ao luxo de jogar o tempo fora da forma que quiserem, assim como nós podíamos jogar tempo fora com bobagem em tenra idade.

A única coisa que sei é que os tempos são outros. Mas algumas coisas permanecem.

Lembro que com 5 anos de idade jogava Super Mario em um Windows 98, muitas vezes comendo Sucrilhos ou café com bolacha da vaquinha. Isso, aquela que a gente molha no café e ela cai dentro da xícara e tem que pegar ela toda molenga com uma colher depois.

E nesses episódios (quase que diários, afinal, tinha muita tartaruga pra pisar), vinha uma voz da porta: MEU FILHO, VAI COMER PRIMEIRO E DEPOIS JOGAR ESSAS COISAS.

Situação semelhante ocorria com os adolescentes que, com a internet discada, estavam “teclando” no Scoop Script e jogando conversa fora com amigos. Não demorava muito para outra voz surgir: SAI DESSE COMPUTADOR RAPAZ, PARECE UM RETARDADO RINDO SOZINHO NA FRENTE DA TELA.

Os tempos são outros, mas as situações são iguais. Ou pelo menos inversamente semelhantes.

A tecnologia evoluiu e o Super Mario hoje iria preso por crime ambiental, pobres tartaruguinhas!

Os dispositivos antes precisavam de uma mesa inteira, hoje cabem na palma da mão. Cabem na mesa do almoço.

Pois é.

Hoje, flagro os jovens fazendo o que os mais velhos faziam, como parar para escrever um texto.

E também vejo os mais velhos fazendo o que os “adolescentes retardados” também faziam: rindo sozinhos na frente de uma tela por causa de alguma besteira ou almoçando e vendo um videozinho tolo.

Seria a ordem natural do ciclo da vida sofrendo um “upgrade”, ou seria uma inversão do ciclo natural da vida?

Sei lá!

Eu só sei de uma coisa: os tempos são outros e, realmente, a língua é o chicote da bunda.