As palavras da moda

As palavras são como o vestuário do ser humano. Ao escolhê-las deve se tomar o mesmo cuidado que temos ao escolher o traje que usaremos. Sejamos mais cautelosos e optemos por palavras que se adéquem ao ambiente e as pessoas que encontraremos. Não adianta querer enfeitar na conversa com os avós dizendo que irá googlar um trabalho escolar, pois a maioria não entenderá, afinal, muitos são da época em que se pesquisava os conteúdos escolares na Enciclopédia Barsa.

Somos nós que devemos nos adaptar a moda retrô dos nossos avós. Se por acaso, ao assistir o filme: ”Minha Mãe é uma peça”, eles disserem que gostaram “à beça”, significa que eles gostaram “pra caramba” do filme. O fato é que as palavras sobrevivem como a moda: elas vão e vem, reciclam as velhas, nascem novas, algumas caem em desuso e outras vão diminuindo igual uma calça antiga que de repente é cortada e transformada em um short descolado, por exemplo, a palavra “dor” é hoje um short de praia, pois inicialmente era escrita como “dolore”, ou seja, ela era uma calça boca de sino e foi diminuindo ao longo do tempo.

Atualmente, as baladas e as cantadas já não são mais como na época dos nossos avós. Imaginemos como eles se esforçavam para estar no auge da moda do seu tempo. Era preciso ser uma pessoa boa pinta, arrasar na escolha da beca, mesmo que não entendesse bulhufas do que estava falando, era necessário utilizar expressões tipo assim: é o maior barato, botar pra quebrar, barra limpa, batuta, bicho, broto, entre outras.

A tecnologia é uma enorme grife que sempre lança novas tendências da moda, como por exemplo, tuitar, blogar, deletar, etc. É uma moda que vai entrando de mansinho no cotidiano das pessoas e quando menos se espera estão já dominando os diálogos. Esse domínio se inicia de repente, não mais que de repente, logo as pessoas estão disputando o melhor black friday, compartilhando fotos pelo Bluetooth ou cantando em um blue-ray player. Essa nova moda invade nossa vida de uma forma quase espontânea e quando percebemos já as vestimos nas mais variadas conversas.

Portanto, nos vistamos de palavras que estejam de acordo com a estação, ou seja, que combinem com a situação e com as pessoas que participarão do diálogo. Que nas conversas informais não sejamos arrogantes ou afobados utilizando um terno de palavras difíceis para parecermos inteligentes, mas, pelo contrário, ponhamos aquele jeans de palavras básicas para promovermos diálogos agradáveis e interessantes. Que sejamos mais prudentes na escolha das palavras que vestirão nossos discursos.

Denys Parker
Enviado por Denys Parker em 11/05/2017
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