Nunca mais...!?
 
     Sempre que pensamos na morte somos tomados por uma dor imensa que nos remete a despedidas, separações. É o “nunca mais” se apossando de nosso sentir e de nossa necessidade de controlar o tempo, de nada perder, de ter por perto aqueles que amamos a despeito do que isso possa significar.
 
  Sempre acreditei que morremos diuturnamente. Morremos nas coisas que perdemos, nas pessoas que partem antes de nós, nas que se esquecem de nos levar com elas e vão para longe sem nos dar a chance de um último abraço.
 
     Morremos nas coisas que deixamos de fazer. Na vida que deixamos de viver. Nos perdões economizados. Claro que a morte biológica, a falência do corpo, dói mais. Deixa-nos sem ar, sem chão. Não nos preparamos para esse encontro que nos coloca frente a frente com a até nunca mais, apesar de caminharmos diariamente para ele.

  Morremos de intolerância, de ignorância. Nas contendas por coisas pequenas. Na necessidade de ter razão em detrimento de termos paz. Morremos no outro a quem magoamos e morremos na mágoa que não perdoamos.
 
  Morremos quando matamos os sonhos alheios e sepultamos os nossos. Quando perdemos a coragem de lutar pelas coisas que acreditamos. Quando deixamos a vida escoar por entre os dedos e não temos força para agarrá-la de volta.
 
      E assim, olhando a morte e a vida por esse ângulo eu acredito que (não) é bom viver nem morrer.
 
Este texto faz parte do Exercício Criativo -
Será que é bom morrer
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 08/05/2017
Reeditado em 29/08/2017
Código do texto: T5993069
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